Tuesday, August 31, 2010

No seguimento do que tenho feito para manter um pensamento positivo e equilibrado, preciso de dizer algumas coisas, por aqui, a ninguém e a toda a gente.

As vezes, odeio este trabalho. As vezes odeio mesmo.

Hoje a minha mãe faz anos. 53.
Não houve possibilidade nenhuma de trocar o stand by. Portanto, cá estou eu de Stand by, de serviço. Claro que, já são 19:30 e eu ainda cá estou; claro que uma residente quer ir embora e eu não posso fazer nada, porque não posso permitir que saia sem falar com o meu supervisor; claro que ele já saiu e não atende o tlm; claro que estou a olhar para a parede há 1hr30m; claro que, se realmente ela tiver de sair, terá de ir fazer malas, fazer declarações, ir ao sotão buscar objectos pessoais, fazer (mais um) telefonema à familia, etc. CLARO QUE, na melhor das melhores hipoteses, saio daqui as 21h.

O que vale é que nestas merdas, amigos, amigos, negócios à parte!

Portanto, CLARO QUE, no resto da semana em que não estarei de stand by, farei o mesmo e sairei as 17:30 EM PONTO, NEM QUE SE ESTEJAM TODOS A ENFORCAR!

Obrigada e boa tarde.

Wednesday, August 25, 2010

Um dia, no "dia das famílias"

"LdM, Bom dia!"

"Ola Joana, como está? Daqui é a ..."

"F., eu sei. Mãe do F.P. Certo?"

"Sim, então e que me conta do meu rapaz"

"Pois então o seu rapaz está mais ou menos igual à semana passada, com a diferença que está com mais responsabilidades. Passou de fase, subiu na hierarquia dos residentes e agora começa ele próprio a dar mais aos outros, ajudar os mais novos e isso estabilizou-o e motivou-o. Tudo corre dentro da normalidade, o que é óptimo no caso dele, como sabe".

"Oh se sei. Muito obrigada Joana. É verdade, provou os torrõezinhos que levei a semana passada?"

"Para minha desgraça F. provei sim. Estavam muito bons, mas sabe que estou em dieta"

"Ora, uns torrõezinhos de vez em quando até fazem bem à pele!"

"Certo..."

"Eu sei que não é verdade, mas uma rapariga tão nova não se pode privar destes pequenos prazeres."

(risos)

"As vezes tem..."

"Isso são modernices! Bom Joana, foi um gosto falar consigo. Um bom fim de semana e olhe, daqui a duas semanas há mais torrõezinhos que a Dra Sónia já marcou outra sessão. E agora ando a experimentar coisas novas!"

"Faz muito bem F., um bom fim de semana para si e que venham então as calorias. Bom dia!"




E isto tudo se passa quando 2 residentes estão a querer ir embora, os 2 residentes mais velhos não estão em casa, outro tem de entrar de reparação, o Nuno e o António estão em sessões e a D. Cândida, a administrativa, não pára de me chatear que precisa de dinheiro para a farmácia e que lhe doem os rins. Ah! E ainda tenho de fazer o espaço terapêutico da manhã e atender os restantes telefonemas das famílias.

De facto, nestes momentos falar de torrõezinhos e ser simpática, tem muito que se lhe diga. Não?

Monday, August 9, 2010



Dos portões ressaltando as cores da liberdade em barris tingidos, até à troca de ideias vestidas palavras, derramou-se tempo, onde ele não existia. Como se por entre o que respiramos dentro e vivemos fora não houvessem barreiras, construímos uma utopia desconstruindo preconceitos. Se pudesse dizer-se, ali, de um momento a vida inteira, poderia então uma mão cheia conter o mundo todo. Porque se é no lugar onde a existência de ser quem somos nos transforma, no casulo de vegetação em de-redor, a metamorfose começou dando seus frutos. Debates, teatro, musica, jogos, festa, sorrisos, cinema, procura, partilha e uma gigantesca concomitância de sensações foi o que encontrei no Liberdade que, fazendo jus ao nome, descubro sempre que lá vou.

E no seguimento dessa libertação de ideias e ideais, a explosão dos sentidos alastrou-se no corpo através da música, do ambiente familiar com cheiro a mundo, dos reencontros e da prática dos momentos entre pessoas que se gostam e se descobrem.

Em suma, é inenarrável a forma de como uma semana se comprimiu numa intensidade tal, que valeu por um verão inteiro. E o melhor, o melhor é que as sensações, essas, continuam.