Sunday, June 14, 2009

Sobre a manhã vou-me pondo nas ideias, calcetadas a meu colo. O mundo dispersa-se gingando à minha frente e eu vou agora, mais lúcida, olhando para ele de outros ângulos. No nosso reencontro, percebo que a estrada já não é a mesma, nem as pernas que me levam nela, nem olhos, sobre onde os ponho, nem tão pouco as mãos, desordenadas e desatentas, desencadeiam o mesmo toque. O desejo do crescimento precipita-se num cigarro que desembolso, novamente, do maço que volta a estar na mala e na garganta, na voz. E vem de arrasto o dinamizar de movimentos, a erupção da música e com ela a paz que desejei noutros momentos. Mas vem, desta vez, em silêncio. E em silêncio, vão desabrochando os mais pequenos instantes de vislumbre futuro. Os pequenos instantes do meu próprio reconhecimento, das minhas escolhas, dos meus caminhos, agora, mascarados no corpo que sou hoje, conclusão do que fui ontem.
O tempo passa.
O tempo sempre passa... e o cabisbaixo da cabeça vai-se erguendo, de vez em quando, dando-me outro alento e mais vontade da gigantesca montanha russa que, portuguesmente, vivo por aqui.
Digo que sim, por fim e respiro fundo. Talvez chore, num mergulho qualquer, sem dar por isso.
A vida vive-se agora e agora, aceito essa condição com a sensação de quem sabe que seguir em frente, de mão dada, é o percurso que mais se coaduna com a felicidade.