Sunday, October 28, 2007

"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar...."

Alvaro de Campos

Wednesday, October 24, 2007

Um dia...

Gosto quando os dias "normais" surpreendem!

Hoje, no regresso a casa, com a musica a passar de um ouvido para o outro, massajando os pensamentos e ideias, de mãos nos bolsos, saí do autocarro para o mesmo percurso, no mesmo local de sempre (ainda que não na mesma hora de sempre).
A estrada estava igual, assim como o rosto das pessoas que costumam passear-se por ela; as luzes já estavam acesas, caía uma ligeira humidade pelo ar, mais frio, e a terra parecia ter-se mantido igual a ela própria.

Um mundo igual...até chegar ao último "tudo bem" sem sentido, no virar da esquina do café habitual, onde não era o velho cartaz "de sempre" que pousava para o publico, mas antes este, ainda colorido (mesmo que mal colado, desconfio que talvez a cuspo).

Sem querer ou conseguir evitar um sorriso soltou-se naturalmente; Soube-me tão a café, como o copo da tarde, ou, pelo menos, senti-o morno nos labios e quente no estômago.

Vai ser bom passar pelas manhãs com este cartaz.

A nicola, mesmo com o passar do tempo, continua a debruçar-se sobre mim, quer pelo trago quer, pela mensagem de uma forma que muito me agrada, sempre. É bom saber que há quem publicite assim.

"Hoje é o dia que não direi «um dia»"
(mesmo sem ima gem, este é o melhor cartaz)

Ai!..Gostei tanto desta publicidade!


















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Porque "um dia não são dias", e porque um dia, as vezes, são todos os dias.
Porque o simples sabe ser bonito e, o bonito, pode ser tão simplesmente isso mesmo.
Ah! E porque eu também tenho destas coisas, "nada a ver" de vez em quando... acho que "faz parte", é bom.

Sunday, October 21, 2007

- tropeçando no Acaso

O acaso, as vezes, troca-nos as voltas.
A rotina quebra-se pelas ruas e ruelas do corpo e da mente, desfaz [pre]conceitos, inibe racionalidades, e vai de encontro ao mundo, quase tão rapidamente como o espaço que existe entre um abrir e fechar de olhos - na mesma [in]segurança das primeiras trocas.
Nesse instante, em que perdemos o fôlego, algo se estranha e entra pelos poros da pele, pelos olhos, pela boca e, sobretudo, pelas ideias – novas.
O acaso transforma(nos), remodela(nos).
Nas estradas os carros não mudam de direcção, mas também não a perdem – actualizam-na; nos passeios os passos são os mesmos, mas mais rápidos e mais seguros; na noite, sopra-se a liberdade pela orla dos telhados e das janelas mais altas até ao encostar das paredes, pelas ruas envoltas no burburinho das conversas cruzadas – que se propagam à volta dos pés e das mãos que falam, que tocam e agarram – mas não prendem; e os actos, esses, mesmo que falhados, acertam em cheio e desfazem resultados que não fazem sentido no marcador – até porque já não interessa um marcador.
Mutamo-nos.Somos inconstantes, agitamo-nos num tumulto de emoções em cada dia que passa, de forma diferente, vivemos ajustando-nos a realidades [a nossa e a dos outros], construímos e destruímos ideiais, vontades e formas de lidar com o que nos perturba [ou o que nos incita] e, no entanto, o acaso, ainda nos surpreende [vive surgindo pelas brechas do tempo, trocando-nos, misturando-nos, sem dar-mos por isso].
Afinal, as contingências da vida, os acasos, na maior parte das vezes, somos nós e os nossos olhos que se ampliam e ousam pousar noutras paisagens e noutros momentos.


“Naquele período, encontrei um estranho refugio, por um «acaso», como é costume dizer-se; contudo, tais acasos não existem. Quando alguém que, impreterivelmente, necessita de algo, encontra aquilo de que carecia, não o obtém por ser o acaso a conceder-lho, mas porque ele próprio, o seu desejo e carências para ali o dirigem.”

Herman Hesse
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ps: S. não me esqueci do desafio, só ainda nao tive ginastica mental p'ra ele.

Monday, October 15, 2007

Anestesia - o pós e o bloqueio

Há qualquer coisa sobre a qual gostava de falar, de escrever.
Qualquer coisa que se enche de ideias [ou me enche as ideias], que me faz pular da cadeira, do sofá, do café e até da cama – mesmo agora que não posso pular, salto.
Agarro-me ás letras como se fossem amantes e escrevo, leio, mas continua a haver qualquer coisa sobre a qual gostava de falar e escrever, contudo, não sou capaz.
Sobra o sentido desses pedaços de sentido que não têm sentido algum, porque estão em falta – são palavras sem entrelinhas nem conteúdo - aquele que procuro - ou talvez, por outro lado, entrelinhas sem encaixe nas palavras.
Sei-o bem, mesmo sem saber do que falo, ou sequer do que penso.
A música no on, pela sensação de incapacidade prepotente ao não conseguir soltar esta coisa que sinto, magoa a sensibilidade e a liberdade de expressão que, democraticamente, tem votado em branco.
Não gosto.

2 de Outubro

Saturday, October 13, 2007

as Maiores...


... e mais não digo!

Tuesday, October 9, 2007

Há coisas fantásticas, não há?
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ps: thank you for sharing :)

Sunday, October 7, 2007

As ideias circulam a mil à hora, tropeçam umas nas outras, perdem-se pelas ruas que, no inverso, têm a estática do silêncio.
As pessoas passam por mim, mesmo que eu não passe pelas pessoas; os pés são lentos demais para o tempo, que nem sequer tem a preocupação de pensar no tempo.
Sorrisos abrem-se, caminhos aproximam-se [e afastam-se], soltam-se em palavras de engate e procuram-me encontros, que não se dão ao encontro.
Só há espaço de abrir os olhos e gostar de os manter assim – na direcção do que de novo me tem entusiasmado (já com alguma euforia).
Eu gosto.... A sério que gosto, faz-me rir e pensar. Sabe bem!
Basta. Isso basta. Por enquanto, não me peçam mais nada.
Eu devo contas ao tempo, mesmo que ele não me deva contas a mim – calma, porque em qualquer madrugada, "o dia ainda nem sequer está maduro".
Agora, há novas formas de dizer olá [novas figuras a quem dizer olá], outras maneiras de dizer adeus [outras pessoas de quem sentir saudades], e a esse ritmo passam-se as noites de encontros novos que não sabem a nada e sabem a tanto, sem eu dar por isso.
O espaço para quem ganha espaço só se percebe depois.
O mundo parece notar mais nos passos que vou dando, devagarinho; e também eu, devagarinho, vou reparando mais nos passos apressados do mundo.
Contudo, no fim da noite, tudo por dentro ou em de-redor, tudo o que não pode mudar – não muda.
Ao olhar para o lado – qualquer lado - no bairro ou no autocarro, a entrar ou a sair de casa, continuo eu, ainda eu, "apenas" eu, sempre.
É importante não esquecer isso.

Agora vou dormir.
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[e porfavor, que matem o Dantas]

Thursday, October 4, 2007

as vezes dói.
não sei bem onde, nem porquê, as vezes dói.
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EGO
[centrismo].
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as vezes, é assim. dói.
dói de alegria. dói de tristeza. dói ao ser em vão [ou por nada o ser].
dói o que não se espera e o que mais se espera. dói o que não doeu.
dói o que não dói.
as vezes é assim, dói.
[mas não é ai - que dói]

Monday, October 1, 2007

pequeno pormenor...

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"I can see clearly now the rain is gone,
I can see all obstacles in my way,
Gone are the dark clouds that had me blind.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
I think I can make it now the pain is gone,
And all of the bad feelings have disappeared,
Here is the rainbow I've been praying for.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day (...)"
Johny Nash
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Se há quem faça diferença, são vocês.
Obrigada pelos...pormenores... e por tudo.
Adoro.