Friday, December 28, 2007

retrospectiva...

Costuma-se dizer que o perfeito é inimigo do bom. Fiz e refiz o video e no fim, não ficando perto de como queria, nem sendo, sequer, um video discritivo é, pelo menos, simbólico...
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Um ano de acasos mas, dificilmente, um ano ao acaso.
Não que seja muito adepta do que chamamos de “destino”, propriamente, mas é difícil não me debruçar sobre o assunto, de vez em quando. As vezes, caminhos conduzem-nos a encontros, despropositados, inusitados, estranhos, novos, e ao bater de frente com aquilo que não conhecemos, que nos dá comichão nas ideias e sentires, surgem as dúvidas, as perguntas e, quase sempre, as tentativas de explicação para tais acontecimentos, aquelas conjugações contrafactuais “e se” para qualquer circunstância, quadros abstractos, filmes alternativos para realidades concretas, devaneios de razão (sem razão), encandeamentos a preto e branco para vivências que só de muitas cores se podem fazer [é curioso sentir que, mesmo ao perder os limites, os limites nunca se perdem de nós e, a um determinado nível, impõem-se sempre, mais que não seja, em consciência]. Sim, a tendência é, inevitavelmente, a procura de porquês, justificações para tudo o que acontece, mesmo que as vezes a única justificação sejamos somente nós e as circunstancias. Até porque eu também acredito em coincidências, mas bem...isso são outras discussões(!)
Bem, na verdade, é-me difícil fazer retrospectivas quando tanto espaço há, sobre onde debruçar o pensamento, tanta nostalgia em cada momento passado, sozinha, a dois ou em grupo. Tantas sensações misturadas, tantas emotividades, tantos acontecimentos… Este foi sem dúvida um ano de mudança e desafio pessoal, de procura, de conquistas, mas também de algumas quedas – duras – mesmo que muitas aprendizagens tenham sido oriundas, também, desses tropeções na vida.
Se pensar humildemente sobre o assunto, percebo que sou demasiado teimosa no que diz respeito a erros. [Erros enquanto dor, sobretudo]. Acabo por cometê-los mais do que uma vez tendo consciência de que o são e nem por isso deixo de actuar. Este ano não terá sido excepção. No entanto, não existe nenhum arrependimento em qualquer dos percursos, afinal, foi o meu percurso, é a minha história. E é, como é, ou como foi, como sou. Até porque, como ouvi algures, por estes dias, as vezes as decisões mais acertadas na vida, são erros crassos e, ainda que paradoxal e, de certa forma, absurdo, não consigo deixar de sentir esta afirmação, como verdadeira (até porque o absurdo começa a ser, cada vez mais, subjectivo).
Bom, mas continuando…Estes dias, semanas e meses foram, então, a constituição de mais um ano para me acrescentar vivências importantes ao alforge, o que trazemos às costas…mas não foi “só mais um ano”, foi um ano de pormenores, dilatados, imensos, derradeiros até. Em tão pouco tempo, algumas sensações tiveram tão alto como nunca antes, sejam elas boas ou más.
Conheci algumas pessoas da minha vida [espero que para lhe darem também continuidade], pessoas que me alargaram horizontes, me fomentaram questões, que me trouxeram respostas e que, sobretudo, me ajudaram a conhecer-me melhor.
[Contigo, S., e porque seria impossível não me dirigir a ti, em particular, percebi, vivi e aprendi um aglomerado de sensações que, provavelmente, nunca vou conseguir explicar convenientemente e das quais, presumivelmente também, não tens consciência. E não é uma crítica, é também um agradecimento – mesmo que nem sempre ele seja necessário, outras vezes, de facto, é].
Conheci realidades novas, ideias novas, perspectivas novas. Fiz coisas que julguei que nunca faria. Disse coisas que julguei que nunca diria. Agi melhor, agi pior. Mas agi. Felizmente, há uma segurança maior para esquecer o peso da razão em algumas circunstâncias que me prendiam (apesar de saber que muita coisa há, ainda, por fazer e desconstruir).
E por falar em peso, muitos me saíram das costas. Porque a metamorfose este ano foi, mais do que simbólica, literal. E foi importante. Porque pequenas coisas redimensionam as maiores e porque o mundo tem todas as janelas, por onde espreitar, quantas consigamos imaginar. E porque este ano o meu olhar se debruçou sobre novas e velhas paisagens com outros olhos, com outra vida, com outro amor e outras vontades. Porque locais, “não lugares” de todos os dias, se tornaram momentos, meus, espaços de extensão do corpo e das ideias, fotografias de dentro, como se fosse possível naufragar pelo “eu” em locais de multidões. E se é verdade que cada pessoa é um mundo [e este foi um ano de troca, por excelência], o meu está certamente muito mais alargado, enriquecido e até, fortalecido.
Com isto, porém, é de referir que, além das novas aproximações, houveram também reaproximações, fortalecimentos para renovar momentos partilhados, que não se esquecem nunca. Aqueles que realmente nos tocam (e a quem tocamos), estão sempre presentes, mesmo que as vezes com alguns silêncios, seja como for, é bom saber disso, mais de perto.
E agora, claro, houveram também perdas, certezas deflagradas, mágoa e muitos apertos no peito, falta de ar e lágrimas. Tem piada a questão das lágrimas. Houveram muitas, este ano, partilhadas também com pessoas que à um ano atrás nem sequer conhecia e, por outro lado, com outras com quem nunca tinha havido espaço para essa abertura. Mandar mais "para fora" também foi positivo e sim, este foi sem dúvida um ano de "pessoas" e partilha, de abertura, permeabilidade e confiança (mesmo até que esta possa ter sido deflagrada, em alguns momentos, existiu com muita força).
Well, well, well...e agora poderia continuar a debitar sobre acontecimentos vários porque os houveram, a perder de vista e relevantes, sobre os quais pensar e debruçar, mas acho que essa continuidade de reflexão fica para ser feita por dentro, até porque os espaços de silêncio, connosco, são fundamentais e indispensáveis.
Seja como for, bom, como disse a uma pessoa da minha vida, já que estamos em começo de algo novo, o mais importante é que, quando algo começa, em princípio, tudo está em aberto. Portanto, boas entradas a todos!
Obrigada àqueles que fizeram deste ano, um ano tão cheio e tão intenso.
Adoro-vos.

Sunday, November 25, 2007

Há ligações que não se vêm - camuflam-nas a neblina e o cinzento que existe, nas multidões, sem rosto, pela cidade. Assim são as teias que se constroem ao acaso, sem dinâmicas de rotina nem achegas de proximidade [ou longitude], sem paralelismos forçados com a verdade [ou a ideia que temos dela], sem prisões à cadência emocional e social do mundo, sem [falsas] moralidades nem cores saturadas, sem preciosismos descartáveis nem motivos aparentes, sem preconcepções, sem conceitos nem definições.
Há construções de arquitectura frágil, sem pilares de segurança, nem portas ou janelas para fechar – ou abrir. Ainda assim, erguem-se, criam lugares e roubam sorrisos!
Já chega do fanatismo do tempo, da rigidez das ideias premeditadas a todo o instante.
Sussurros derrubam ideologias mais fortes que castelos. Ainda há vontades, por vezes, mais intensas que o medo.

Sunday, November 11, 2007

[ambiguidades e parapeitos...
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Talvez um bloqueio, nem seja bem o das palavras, que não saem, mas daquelas que não existem e, portanto, não surgem. Os conceitos, mesmo os que se expandem para além de nós, as vezes, são fechados o suficiente para não caberem por dentro, rasgarem e assim bastarem.
(Nem é tanto da ciência, mas...) Na tentativa de enquadricular a vida resultam sempre espaços em branco e muitos estalos de tinta - o tempo faz-se de demasiadas concavidades para ser ignorado a pintar paredes; e os espaços em branco, das entrelinhas e de tudo o que não é geométrico, decoram o que naturalmente se perde pelo eco de paredes e do silêncio.
Resíduos de tranquilidade. Esquiços de vontade.
Até porque, secalhar, indo ao fundo, perder a consciência nada mais será que um simples encontro de sentidos, apurados, num libertar superegoico para os momentos, como um aperto de mão que se dá na rua a um estranho e como um abraço que se troca sem pedir licença.
Afinal, se como dizia Florbela “ um dia serei pó, cinza e nada, que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder…para me encontrar”.
Não é que explique ou simplifique, mas pelo menos assume, conforta e ampara.
[Bem, mas onde ia eu? Ah! Continuando

Sunday, October 28, 2007

"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar...."

Alvaro de Campos

Wednesday, October 24, 2007

Um dia...

Gosto quando os dias "normais" surpreendem!

Hoje, no regresso a casa, com a musica a passar de um ouvido para o outro, massajando os pensamentos e ideias, de mãos nos bolsos, saí do autocarro para o mesmo percurso, no mesmo local de sempre (ainda que não na mesma hora de sempre).
A estrada estava igual, assim como o rosto das pessoas que costumam passear-se por ela; as luzes já estavam acesas, caía uma ligeira humidade pelo ar, mais frio, e a terra parecia ter-se mantido igual a ela própria.

Um mundo igual...até chegar ao último "tudo bem" sem sentido, no virar da esquina do café habitual, onde não era o velho cartaz "de sempre" que pousava para o publico, mas antes este, ainda colorido (mesmo que mal colado, desconfio que talvez a cuspo).

Sem querer ou conseguir evitar um sorriso soltou-se naturalmente; Soube-me tão a café, como o copo da tarde, ou, pelo menos, senti-o morno nos labios e quente no estômago.

Vai ser bom passar pelas manhãs com este cartaz.

A nicola, mesmo com o passar do tempo, continua a debruçar-se sobre mim, quer pelo trago quer, pela mensagem de uma forma que muito me agrada, sempre. É bom saber que há quem publicite assim.

"Hoje é o dia que não direi «um dia»"
(mesmo sem ima gem, este é o melhor cartaz)

Ai!..Gostei tanto desta publicidade!


















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Porque "um dia não são dias", e porque um dia, as vezes, são todos os dias.
Porque o simples sabe ser bonito e, o bonito, pode ser tão simplesmente isso mesmo.
Ah! E porque eu também tenho destas coisas, "nada a ver" de vez em quando... acho que "faz parte", é bom.

Sunday, October 21, 2007

- tropeçando no Acaso

O acaso, as vezes, troca-nos as voltas.
A rotina quebra-se pelas ruas e ruelas do corpo e da mente, desfaz [pre]conceitos, inibe racionalidades, e vai de encontro ao mundo, quase tão rapidamente como o espaço que existe entre um abrir e fechar de olhos - na mesma [in]segurança das primeiras trocas.
Nesse instante, em que perdemos o fôlego, algo se estranha e entra pelos poros da pele, pelos olhos, pela boca e, sobretudo, pelas ideias – novas.
O acaso transforma(nos), remodela(nos).
Nas estradas os carros não mudam de direcção, mas também não a perdem – actualizam-na; nos passeios os passos são os mesmos, mas mais rápidos e mais seguros; na noite, sopra-se a liberdade pela orla dos telhados e das janelas mais altas até ao encostar das paredes, pelas ruas envoltas no burburinho das conversas cruzadas – que se propagam à volta dos pés e das mãos que falam, que tocam e agarram – mas não prendem; e os actos, esses, mesmo que falhados, acertam em cheio e desfazem resultados que não fazem sentido no marcador – até porque já não interessa um marcador.
Mutamo-nos.Somos inconstantes, agitamo-nos num tumulto de emoções em cada dia que passa, de forma diferente, vivemos ajustando-nos a realidades [a nossa e a dos outros], construímos e destruímos ideiais, vontades e formas de lidar com o que nos perturba [ou o que nos incita] e, no entanto, o acaso, ainda nos surpreende [vive surgindo pelas brechas do tempo, trocando-nos, misturando-nos, sem dar-mos por isso].
Afinal, as contingências da vida, os acasos, na maior parte das vezes, somos nós e os nossos olhos que se ampliam e ousam pousar noutras paisagens e noutros momentos.


“Naquele período, encontrei um estranho refugio, por um «acaso», como é costume dizer-se; contudo, tais acasos não existem. Quando alguém que, impreterivelmente, necessita de algo, encontra aquilo de que carecia, não o obtém por ser o acaso a conceder-lho, mas porque ele próprio, o seu desejo e carências para ali o dirigem.”

Herman Hesse
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ps: S. não me esqueci do desafio, só ainda nao tive ginastica mental p'ra ele.

Monday, October 15, 2007

Anestesia - o pós e o bloqueio

Há qualquer coisa sobre a qual gostava de falar, de escrever.
Qualquer coisa que se enche de ideias [ou me enche as ideias], que me faz pular da cadeira, do sofá, do café e até da cama – mesmo agora que não posso pular, salto.
Agarro-me ás letras como se fossem amantes e escrevo, leio, mas continua a haver qualquer coisa sobre a qual gostava de falar e escrever, contudo, não sou capaz.
Sobra o sentido desses pedaços de sentido que não têm sentido algum, porque estão em falta – são palavras sem entrelinhas nem conteúdo - aquele que procuro - ou talvez, por outro lado, entrelinhas sem encaixe nas palavras.
Sei-o bem, mesmo sem saber do que falo, ou sequer do que penso.
A música no on, pela sensação de incapacidade prepotente ao não conseguir soltar esta coisa que sinto, magoa a sensibilidade e a liberdade de expressão que, democraticamente, tem votado em branco.
Não gosto.

2 de Outubro

Saturday, October 13, 2007

as Maiores...


... e mais não digo!

Tuesday, October 9, 2007

Há coisas fantásticas, não há?
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ps: thank you for sharing :)

Sunday, October 7, 2007

As ideias circulam a mil à hora, tropeçam umas nas outras, perdem-se pelas ruas que, no inverso, têm a estática do silêncio.
As pessoas passam por mim, mesmo que eu não passe pelas pessoas; os pés são lentos demais para o tempo, que nem sequer tem a preocupação de pensar no tempo.
Sorrisos abrem-se, caminhos aproximam-se [e afastam-se], soltam-se em palavras de engate e procuram-me encontros, que não se dão ao encontro.
Só há espaço de abrir os olhos e gostar de os manter assim – na direcção do que de novo me tem entusiasmado (já com alguma euforia).
Eu gosto.... A sério que gosto, faz-me rir e pensar. Sabe bem!
Basta. Isso basta. Por enquanto, não me peçam mais nada.
Eu devo contas ao tempo, mesmo que ele não me deva contas a mim – calma, porque em qualquer madrugada, "o dia ainda nem sequer está maduro".
Agora, há novas formas de dizer olá [novas figuras a quem dizer olá], outras maneiras de dizer adeus [outras pessoas de quem sentir saudades], e a esse ritmo passam-se as noites de encontros novos que não sabem a nada e sabem a tanto, sem eu dar por isso.
O espaço para quem ganha espaço só se percebe depois.
O mundo parece notar mais nos passos que vou dando, devagarinho; e também eu, devagarinho, vou reparando mais nos passos apressados do mundo.
Contudo, no fim da noite, tudo por dentro ou em de-redor, tudo o que não pode mudar – não muda.
Ao olhar para o lado – qualquer lado - no bairro ou no autocarro, a entrar ou a sair de casa, continuo eu, ainda eu, "apenas" eu, sempre.
É importante não esquecer isso.

Agora vou dormir.
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[e porfavor, que matem o Dantas]

Thursday, October 4, 2007

as vezes dói.
não sei bem onde, nem porquê, as vezes dói.
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EGO
[centrismo].
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as vezes, é assim. dói.
dói de alegria. dói de tristeza. dói ao ser em vão [ou por nada o ser].
dói o que não se espera e o que mais se espera. dói o que não doeu.
dói o que não dói.
as vezes é assim, dói.
[mas não é ai - que dói]

Monday, October 1, 2007

pequeno pormenor...

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"I can see clearly now the rain is gone,
I can see all obstacles in my way,
Gone are the dark clouds that had me blind.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
I think I can make it now the pain is gone,
And all of the bad feelings have disappeared,
Here is the rainbow I've been praying for.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day.
It's gonna be a bright (bright), bright (bright) sunshiny day (...)"
Johny Nash
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Se há quem faça diferença, são vocês.
Obrigada pelos...pormenores... e por tudo.
Adoro.

Thursday, September 20, 2007

STOP



Eis que chega um tempo - o de parar.

Não se trata de um adeus, só um "até logo".





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Sim!
Está tudo ok...

Monday, September 17, 2007

Entorpecimento

Gosto de passear-me pelas linhas já escritas, lembrar-me do que elas guardavam por detrás das palavras, lembrar-me dos momentos e pensamentos que reflectiam, do que tinham de mim, do que ainda têm, do que mudou e do que não mudou nada...
Ao lê-las, ao conseguir entrar, sobretudo, naquilo que elas não dizem e no que se esconde nas entrelinhas, rasgo um bocadinho do véu e um ligeiro entorpecimento das ideias enclausura-se nos dedos, mudos por instantes, quando tudo o que se pode dizer já foi dito e nada do que se disse diz tudo.
Pensamentos remexem-se por dentro, fazem formigueiro e soltam-se pela boca e pelas linhas do telefone, sem fios.
Sobram sentimentos que enchem, amigos, alegrias e até algumas tristezas.
Sobra uma nostalgia que aquece.
Sobra o tempo que passou mas, particularmente, o que ainda está para vir.
Sobro eu.

“For this is the beginning of forever and ever”
Portishead

Wednesday, September 12, 2007

Bossa Nossa

Inicialmente, Bossa Nossa era apenas uma banda de uma amiga - de quem desconhecia o talento.
Hoje, Bossa Nossa é uma banda de uma amiga - de quem já conheço o talento - mas é também e sobretudo, um grupo de grande riqueza musical, cheia de harmonia e ritmo, de vida e de excelentes músicos.

Já são um mundo, pequeno, mas vosso, que me envolve e atravessa através da melódica bossa nova, de que tanto gosto, abraçada ao jazz, transformando, ao vosso jeito, as notas do saxofone, baixo, guitarra, bateria e claro, o sopro das cordas vocais, num espetáculo muito agradável e sempre bom de rever.
Pelo que me parece, têm tudo para crescer.
Gosto [muito] de vos ver, dançar e ouvir!



E quanto a ti Ana, em especial, tirando os teus fantásticos "obrigados" pelos concertos adentro (cof cof) arrepias, rasgas sorrisos na gente, perdes-te na musica e nós encontramos-te nela, como um só - cantas e encantas.
Por outras palavras, és o orgulho dos lagostinis, pardalita! :D

Bossa Nossa - Berimbau (Só uma parte)
(A qualidade não é a melhor, mas...)

Tuesday, September 11, 2007

O estranho, Checo.

Não percebi o que dizias, nem nada que me falaste junto à cara. Na tua boca não eram as palavras que interessavam, eram os beijos. A linguagem corporal, compunha-se sem dialéctica, somente electricidade e química estilhaçada no calor dos corpos, em movimento.
Nada trocámos – jogámos tudo, mais os abraços para trás das costas. Arranhei-te e apertaste-me na cintura e na zona da nuca. Perdemo-nos, passámos uma noite inteira assim, porque o que importava, também não eram as horas, nem sequer a luz que, de manhã, já espreitava da janela, lembrando o fim da conversa.
A última pergunta só sobrou à saída, depois de vestires a camisa, branca:
- Como te chamas?
Sorriste.
- Que interessa? Gravámos o cheiro um do outro e disso, não te esqueces…
Beijámo-nos.
Dissemos adeus e regressámos a nós.

Monday, September 10, 2007

. sem assunto .

2 minutos e uma musica - um texto.
Há coisas fofas.





Não há discrição para a vontade, que surge, de repente.
Não há bandeiras para comunicar a chegada, nem sequer a partida; não há sinais de fumo, gritos sonoros de boas-vindas, não há mãos a acenar no fim do caminho.
Não há adeus…não há olá! Nem sequer há um princípio, ou fim.
Não há nada a indicar o caminho, não há sinais de trânsito ou polícias sinaleiros; não há barreiras de metal à beira da estrada, piloto automático ou controlo de velocidade… não há caminhos seguros, estradas sem curvas, passeios nivelados.
Não há luz vermelha ou stop.
Não há controlo.
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Havemos nós.


Alguns [grandes] momentos Avante!...








Um grande concerto.
[Ligeiramente agressivo - Hey! cuidado com o pé na minha cabeça]


O fim. O cansaço!



Tantos encontros. [tantas saudades]
Alguns desencontros. [temporários]

Foi sem parar, mas foi brutal!!






Wednesday, September 5, 2007

. divagações nocturnas
___________________ - espasmos & ideias.. ! !
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"Para que resulte o possível deve ser tentado o impossível"
Herman Hesse

não será simples a sintonia, clara, que distingue uma coisa, da outra. tão pouco será fácil a compreensão da última, quando julgamos estar na presença da primeira. mas a ser verdade, em que medida podemos esticar a corda? não há limites para o impossível? não há barreiras quando dentro da barreira? não há mais fundo, quando no fundo?
a verdade tem muitas manhas e, por vezes, é com ela que nos enganamos.

Monday, September 3, 2007














31/08: 50 Anos

















02/09 : 84 Anos





A vida é um processo.
Longo.
O tempo é mais confortável assim, diluído.
O peso, é menos pesado, quando distribuido nos braços dos abraços.
Afinal, a vida é um processo - longo.


Thursday, August 30, 2007

Unza Unza Time !!

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Perdi a conta das gargalhadas, das historias sem sentido, das conversas sem principio nem fim, das aventuras por onde nos lançamos sem dar por isso, de todos os "desenrascas", das certezas, das dúvidas (tantas vezes sobre o mesmo), perdi a conta de todos os bons momentos, a qualquer hora do dia.
A verdade é que, convosco, sinto-me sempre em casa, até mesmo a dormir no chão e com surround sistem a noite inteira, dentro e fora da tenda.
Alias, bem verdade é que, mais uma vez, palavras não existem… mas eu sei que sabem disso, bem como o que a sua ausência representa!
Adoro.
Assim, a modos que mesmo mesmo muito.
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Hihihi!! ^^

Tuesday, August 21, 2007

peguei na vontade de ir e fechei os olhos. não havia nada que se pudesse dizer antes de fechar a porta, nem nada a fazer depois de ter ido embora. não havia olhares para trás, não havia espaço para virar a cabeça e arrepender-me depois. todos os caminhos me apontavam a porta de saída indicada no mapa lábil do engenho humano, do parapeito para o anseio que somos, de vez em quando. levantei-me em jeito de troça, para depois escutar o grito que se soltou e me beliscou as palmas da mão, dizendo “Vamos agora”. não, não sobrou tempo para dizer que sim ou que não, talvez mais tarde, não. não houve tempo para um até logo, nem sequer um adeus - não houve tempo para viver antes de viver. quase nao sobrou tempo para voltar antes de ir. não sobrou lugar, restou apenas o preludio das memorias de amanhã, que percorreriamos em passo largo. no entanto, nenhum momento se fez de memórias. não. afinal, não havia espaço para mais conversas, para recordar. nem sequer havia força. havia somente uma perna a puxar a outra e o amolecido ritmo dormente dos pés cansados de estar à espera. o peso do tempo ressacou do tempo, esticou a corda e seguiu viagem, no vento, em direcção ao ponto de fuga.

Agora que já fui tanto, falta-me a vontade de ir de novo. fui.

20-julho

Friday, August 17, 2007

A sudoeste de casa...


Os dias a sul começaram ensolarados e agitados, com música, cheios de tudo e nada, cheios de vontade, de força e de cansaço. Os dias a su(doeste) começavam…mas nunca chegavam a acabar. De algum modo, a alvorada era todo o dia e, todo o dia, era toda a noite…
Por isso mesmo, corremos praias, escalamos o que não conhecíamos – o que nos desafiava – tomamos banhos de água fria e pó, furamos pneus, dormimos debaixo do sol, mas também da chuva, cantamos para ficar sem voz e gritou-se já sem a ter – sussurrámos para ser entendidos, agitámos os braços e as pernas no ar, fizemos looping e fomos “dragon ball”.
Os dias passaram, correram – as vezes, outras, prenderam-se na lentidão dos passos, arrítmicos para com o fluxo sonoro que rebentava dos palcos em auge. Sopraram-se para dentro as vibrações da música, do espaço, do ambiente e sobretudo, daqueles com que os partilhei e vivi. A multidão soube encher os lugares em cada instante, na praia, nos concertos, nos trampolins, para apanhar o autocarro, no parque, para tomar banho e até para lavar a loiça ou os dentes [ou a loiça e os dentes ao mesmo tempo], mas enquanto a delonga se fez convosco...a espera não se fez e o drama e a tragédia, converteu-se em comédia para mais tarde contar.
Portanto, enquanto a noite se ensopava de estrelas por cima dos ramos secos dos pinheiros – e das nossas cabeças – houve tempo para ter valido a pena, para os arrepios de frio e até os de emoção, para matar saudades, para gerar saudades, para a excitação da música e comoção ao vivo, para ganhar certezas, para perdê-las, para reformular, para construir, para viver uma experiência nova e aprender com isso.
A sudoeste, esteve-se bem e foi bom a vossa presença, sentir-me bem nela. Obrigada pelos momentos, pela deteorização do medo – o meu – que foi mas não veio, e claro, pelos pormenores, todos.


Canção Simples
Tiago Bettencourt


Há qualquer coisa de leve na tua mão
Há qualquer coisa que aquece o coração
Há qualquer coisa quente quando estás
Há qualquer coisa que prende e nos desfaz

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol

A forma dos teus braços sobre os meus
O tempo dos meus olhos sobre os teus
Desço nos teus ombros para provar
Tudo o que pediste para levar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Tens os raios fortes a queimar,
Todo o gelo frio que construí.
Entras no meu sangue devagar,
E eu a transbordar dentro de ti.
Tens os raios brancos como um rio
Sou quem sai do escuro para te ver
Tens os raios puros no luar
Sou quem grita fundo para te ter

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Quero ver as cores que tu vês
Para saber a dança que tu és
Quero ser do vulto que te faz
Quero ser do espaço onde estás
Deixa ser tão leve a tua mão
Para ser tão simples a canção
Deixa ser das flores o respirar
Para ser mais fácil de te encontrar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Vem pular o medo vem
Saber se há depois
E sentir que somos dois
Mas que juntos somos mais.

Quero ser razão para ser maior
Quero te oferecer o meu melhor
Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol


Uma das boas descobertas... de ouvir e partilhar.

Wednesday, August 1, 2007

Barcelona




Barcelona passou num ápice de encontros, descobertas, momentos e maturação interior, procura interior, invenções, sonhos e projectos, pelas ruas, nas explanadas e nos jardins, cá fora.
Fomos 4, fomos 10, fomos todos os números no meio e fomos sozinhas também, fomos multiplicidade (d)e cultura, fomos inúmeras línguas, fomos ... e regressamos!..Ficando um pouco por cada lugar, solto, para sempre.


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Houve espaço de tanto, para tanto...
...houve monumentos e arquitectura para nos levar ainda mais longe que o longitude limita.
...houve portas para nos abrir mil e um mundos diferentes, para o fantástico, para o “sem fim”.
...houve mercado de fruta a perder de vista, cerejas do tamanho de orelhas, da cor de bocas rosadas, com sabor de fim de tarde no parque Guell.
... houve passeios pelo bairro gótico, noites em praças de música, em praças de conversa, em praças de experiências compartidas.
... houve gargalhadas – ai houveram tantas gargalhadas ... Cumplicidades.
... houve tempo para contratempos, que mesmo do avesso, foram incríveis e conduziram a tão grandes bens vindos de pequenos males.
... houve tempo para, quem sabe, fazer Amigos, houve tempo para partilhar.
... houve tempo para nós, enfim, houve tempo para ser inesquecível, para não caber em palavras!

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

E na última noite, houve também tempo para escrever, um momento, que talvez por ser último e trazer tantas saudades, mesmo em presença, foi muito forte.


“Barcelona no aconchego da música caboverdiana, que se toca na muralha da Carrer D´en Sol, debaixo da chuva de pétalas que caem da copula das arvores que nos cobrem, no verde e no cinzento do chão, que as guitarras amolecem.
Sublime!
Respira-se a emoção que explode no molhado dos olhos – expressividade do olhar – e na voz do caboverdiano, o preto que conduz a voz do branco, esta noite, aqui no beco em tons de sépia.
No fim da viagem, talvez em inicio de um grande encontro... A vida vive-se aqui, com esta brisa, com este cheiro e sobretudo, no embalo confortável que vem de dentro e que já só sabe tão bem.”
Joana, 27/07

Dia 20 fui para cima. Agora, dia 1, vou para baixo... porque o inesquecível não tem de ter limites, nem os momentos, nem as pessoas de quem gostamos, nem a diferença pela qual passeamos...nem nós.

Wednesday, July 18, 2007

"We´ll aim for the stars"

Indo.
Tempo de ir. Faço as malas de tudo que não couber por dentro e vou, fui embora.
Limpo as ultimas poeiras de preocupação, sacudo os espaços fechados, apertados e nesses instantes em que fecho o zip da mala e calço os sapatos mais confortáveis, solta-se também o pó da emoção, que não me tira o ar, de ansiedade, que não me imobiliza, liberdade que me abre o caminho, que o atravessa e que, portanto, sabe bem.
Não caminho para longe, venho para perto.
Vou leve, levo pouco – o suficiente – trago-me, indo de encontro.
Por baixo das ramblas, no bairro gótico, na música, por debaixo dela, dentro dela, nas ondas e na areia, em Sagres – naquele lugar, nas noites, durante o dia, no novo, no velho, na tenda e em casa, debaixo do sol e da lua, perto e longe do centro, no limite, com amigos, nas gargalhadas e nos abraços que trarão as lágrimas, aqui na península, no verão – vou, estou, vivendo por instantes, fora. Dentro!
I´ll be around. Never too far away.

Sunday, July 8, 2007

Musa - Férias - Reflexões

A importância do que importa é orgânica.
É engraçado perceber como se sente o que se sente nos momentos “da nossa vida”, nos concertos memoráveis, nas viagens e nos lugares que nos marcam para sempre, na música que nos leva longe, no teatro e cinema que nos renova as ideias, nos livros que nos acrescentam para toda a vida, nas manhãs, tardes e noites que nunca mais esquecemos, no que de inesquecível tem os pormenores que nos transformam.
Nesses instantes, verdadeiramente únicos e sempre memoráveis, sobre quem recai o olhar, em presença, ou o pensamento na distância? Sobre quem se inspira a vontade de os partilhar, de os tornar seus também, de os tornar maiores pela sua existência. Sobre quem incide a nostalgia dos momentos felizes?
Muitas vezes nos defrontamos com a necessidade de um lugar ou de uma pessoa, no quotidiano de todos os dias, na vivência dos lugares e dos pormenores diários. Nessas alturas, experienciamos a saudade e a vontade de uma determinada forma, agimos sobre ela de um determinado modo e, quase sempre, torna-se parte da rotina o confronto com o que dela fazemos, tarde ou cedo.
No entanto, é nos momentos únicos, aqueles que, como dizia, nos transformam, nos preenchem e nos marcam irreversivelmente, que conseguimos sentir a falta, não de todos os dias, mas de um instante maior que todos eles, e é num ápice de consciência que amamos mais que nunca [ou mais que nunca tomamos consciência desse amor], é nessas circunstâncias que nos aperta o peito e se apertam as mãos e os abraços com mais vontade, que se rasgam os sorrisos mais verdadeiros e se soltam as lágrimas mais sentidas e felizes. É nesses momentos também que se escrevem as cartas mais bonitas, se faz de poemas canções, se compõem partituras, se desenham obras de arte, e se trocam os olhares e silêncios mais profundos. É ai, nesses instantes, onde o tempo não tem espaço para além da eternidade que somos, que nos deparamos com quem mais peso tem, quem nos completa o suficiente para completar, também, o momento e aquela magia. É ai que sentimos e sabemos quem a sentiria com a mesma intensidade, quem a veria através de nós e nós a conseguiríamos ver através dela.
Os momentos únicos, e a vontade de os partilhar são, talvez então, aquilo que nos une. E é através da necessidade de os dividir, com essas pessoas, que o desejo de todos os dias se torna suficientemente grande para os actos de amor e afecto, que nos perspectiva a vida de uma outra forma e, sem dúvida, nos puxa os pés para a frente e nos faz mais felizes.
Este fim-de-semana, começaram as minhas ferias.
Este fim-de-semana, partilhei-o e foi bom ter essa perspectiva de mão dada no centro da música, no concerto de “Skaparapid”, ou num abraço apertado a quatro a seguir.
Foi bom sentir que, há pessoas que nos marcam, que nos fazem mais felizes.
Foi bom sentir isso convosco, foi bom sentir isso por vocês, foi bom saber que é verdade.
Foi bom saber que não é preciso mais do que o que se espreita pelo olhar, para saber que vai durar tudo o que puder durar, e enquanto existir, valerá sempre a pena.
A telepatia afectiva, no fim de contas, existe, e quem a sente, sabe disso.

A tendência ao sentimentalismo está forte, muito forte, portanto!

Friday, July 6, 2007

Pois! café

A música de fundo inunda a sala de uma tranquilidade abstracta e de um acolhimento introvertido, virado para dentro. Do fundo da cozinha, de onde vem o cheiro do lugar, até ao princípio da primeira mesa, [onde habita aquele livro que ficou por ler, agora amado pelos olhos de outro], os passos não se ouvem, nem se vêem, sentem-se, somente, no soalho que vibra por debaixo da arca, sobre a qual tenho os pés.
O silêncio solta-se nessas notas musicais, que vão ficando presas no magnete dos postais nos placares da parede. A sua aura eléctrica e química, pulsa nas ideias, aclara-as, domina-as, transforma-as e transporta-as para qualquer outro lugar, impreciso, dinâmico e cheio de ecos dos momentos que passam diante dos olhos, lenta e sofregamente, como se de uma hipnose se tratasse. Como se quase pudesse levitar do sofá para as ruas de Alfama, para as ruas do mundo, de outros reinos, de outros espaços, de outras memórias e de outros futuros. Como se ao conseguir fazê-lo, mesmo que só por uns instantes, inconstantes e no infinito espaço da imaginação, a sensação de leveza se instaurasse e o preconceito da mente se difundisse por entre os dedos.
Ali, aqui, agora, só o que se sente preenche, abala e remexe, nessa lufada de ar fresco que o vento transporta. A noção de tempo, esse, perde-se então nos encontros mnésicos e agradáveis que o “Pois!café” me oferece.
Gosto de me perder, por vezes.
Porque afinal, que importância tem o que não importa?


"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Só porque eu gosto)

Monday, July 2, 2007

O que é nos une?
O que é que nos liga em geral? Ou o que é que de geral nos une em particular? São os pormenores? É o todo?
Como é que as mesmas características que se amam, com a mesma intensidade, são alvo de odio por outro?
Quais são as particularidades que nos tornam inseparáveis ou destinados ao constante desencontro? O que é que faz dAquela pessoa, e não Aquela, a única para estar aqui ou ali, para fazer um piquenique, beber café, partilhar um livro, partilhar uma ideia, mostrar um momento, viver um momento, dormir ao lado, encostar o ombro, apertar a mão, beijar o rosto, beijar a boca, rir sem motivo, rir com motivo, chorar de alegria, chorar com tristeza, comer um gelado, beber um sumo ou entornar uma bebedeira, mergulhar na água, mergulhar na conversa, telefonar sem relógico, acordar sem ética, adormecer com ternura, tocar uma musica, trocar uma musica, escrever uma musica, viver um sonho, partilhar um objectivo, agarrar com força, largar com força, esquecer o ridiculo, provar da loucura, lembrar a razão, ser seguido por, ser seguidor de, viver e morrer. O quê? O que é que nos une e porque é que nos une? O que é que nos torna indispensáveis? O que é que nos torna únicos?
Ser simpático? Ser divertido? Ser bonito? Ter cultura? Ter estilo? Personalidade forte? Grande carácter? Ser diferente? Ser igual? Gostar de verde, amarelo ou vermelho? Ouvir The Gift, Pearl Jam ou Sérgio Godinho? Ler Saramago, Peixoto ou Fernando Pessoa? Viver desta ou daquela maneira? Ter ou não ter aquilo e aquilo?
O quê?
Será isso que nos torna únicos? Será por isso que nos uninos?
Não será certamente. Não será [apenas] isso que nos une.
O que é então?
O que é que nos aproxima? Do que é que sentimos falta? O que é que nos torna insubstituíveis?
O que é que nos une afinal?

Não sei bem o que me une às “minhas” pessoas “especiais”, as “minhas” pessoas únicas. Mas de qualquer modo, não queria deixar de dizer que…

adoro-te e à tua espontaneidade desleixada. Sempre vamos acampar para a Grécia?
a minha definição de família passa pelo que és para mim. É disfuncional, mas há muito amor! lol! Adoro-te!
és um pilar tão importante para mim, uma força que me dá tanta força, tenho saudades tuas, muitas!
gosto tanto de ti. Acrescentas-me todos os dias, mesmo que não saibas!
tem sido uma grande aprendizagem conhecer-te. Importaste-te de não te ir embora?
faz do tempo esse parapeito para o salto maior. Tens força e talento para isso. E tens-me a mim, mesmo que nunca tenhas acreditado nisso.
... Adoro-te, sem fita métrica.
.

A todos os "outros"...o facto de o serem, já são muito!

Saturday, June 30, 2007

Oversleeping
I´m from Barcelona
_
"Damn! Oversleeping again
Damn! I can´t belive i did it once again
I can make it in time
if I jump out of bed
if I skip to wear clothes
and get running instead
if I get on my feet
if I skip to hit snooze
if I don´t care to eat
and get running instead
I can make it in time
Been oversleeping on Monday
I don´t care, let´s pretend that ist´s sunday"
_
_
Porque sabe bem
_________ [é mais do que suficiente] (!)

Wednesday, June 27, 2007

_
_
II PAUSE
_
_

Tuesday, June 26, 2007

| pragmática


"OK! Do you want something simple?
OK!
Do you want something simple?
OK! Do you want something simple?
OK! Do you want something simple?
The news, do you want something simple?
The look, do you want something simple?
The letters,
do you want something simple?
The jokes, do you want something simple?
The games, do you want something simple?
The nights, do you want something simple?
The boys, do you want something simple?
The girls, do you want something simple?
The words, do you want something simple?
The friends, do you want something simple?
The rest, do you want something simple?
And sex,
do you want something simple?

(...)

OK! Do you want something simple?
The films, do you want something simple?
The songs, do you want something simple?
And LOVE, do you want something simple?
The drinks, do you want something simple?
Art pop, do you want something simple?
TV, do you want something simple?
The silence...
"



A complexidade, as vezes, está em não saber ser-se simples...
...outras vezes, em ser-se simples demais.
Também, a coerência, se interpela na razão, assim como na falta dela.
Até do silêncio se constroem as pontes às palavras e no vício do vazio se preenchem os espaços.
A ser verdade...
Se tudo se espraia de um extremo ao outro, por dentro [e até por fora], o equilíbrio encontra-se a viver no centro ou no limite?
Na hora ou no segundo?
Como se distingue um momento do outro?
De que modo [e com que validade] devemos agir de uma ou outra maneira?
Em que medida nos impingimos a pergunta? Em que escala de vontade devemos querer resposta?
Na da espontaneidade ou na do impulso?
Querer ir ou gostar de ficar?

Thursday, June 21, 2007

medo.

Medo enquanto impulso ou medo enquanto retracção?
Agimos ou evitamos por medo? Medo. Medo do quê? Porquê? Para quê?
Medo enquanto identidade? Medo enquanto enigma?
O que nos incita? O que nos restringe?
Como nos move? Como nos trava? O que afasta, o que aproxima?
Ao transformar-nos, ao ser capaz, o que muda? O que acrescenta, o que diminui?
Se do medo se fazem os gestos – acção/reacção, partida/chegada, começo e fim - se do medo nascem emoções, brotam sentimentos – amor/ódio, audácia e vergonha, cobardia e coragem – de que é feito o medo? De nós?
O que nos assusta por dentro? O que vem de fora? O que vai para fora?
Em que medida é bom, sabe bem? Como é que é mau?
O que é o medo?
Medo enquanto medo.
Medo enquanto vida.


“O medo vai ter tudo.
Pernas, ambulâncias e o luxo blindado de alguns automóveis. Vai ter olhos onde ninguém o veja, mãozinhas cautelosas, enredos quase inocentes, ouvidos não só nas paredes mas também no chão, no teto, no murmúrio dos esgotos e talvez até (cautela!) ouvidos nos teus ouvidos.

O medo vai ter tudo.
Fantasmas na ópera, sessões contínuas de espiritismo, milagres, cortejos, frases corajosas, meninas exemplares, seguras casas de penhor, maliciosas casas de passe, conferências várias, congressos muitos, ótimos empregos, poemas originais e poemas como este, projetos altamente porcos, heróis (o medo vai ter heróis!), costureiras reais e irreais, operários (assim assim), escriturários (muitos), intelectuais (o que se sabe), a tua voz talvez, talvez a minha, com a certeza a deles.

Vai ter capitais, países, suspeitas como toda a gente,
muitíssimos amigos, beijos, namorados esverdeados, amantes silenciosos, ardentes e angustiados.

Ah o medo vai ter tudo.
Tudo.
(Penso no que o medo vai ter e tenho medo, que é justamente o que o medo quer)
(...)"

Alexandre O´Neill

Sunday, June 17, 2007

O motivo pelo qual eu gosto de psicologia e resolvi seguir esse caminho é, talvez, menos obvio para mim de vez em quando. Outras vezes, como agora, enquanto estudo para uma frequência, torna-se claro porque não poderia ser qualquer outra coisa.
Já me tinha esquecido como este senhor me fascina e de como sabe fazer da psicologia um mundo tão mais interessante e menos rebuscado...
.
"Como quase tudo o que subjectivamente nos comanda são desejos e crenças, se agora me perguntassem se acredito em alguma coisa, responderia que sim: no amor e no progresso. Sem sombra de mentira! A minha fé é no Homem.
E se quero algum poder? Sim: o de ser ouvido quando peço a atenção. É só esse, em suma, o que toda a gente quer - do nascimento à morte.
Tão simples como isto: que tenhamos o direito a existir - cá fora e na mente de quem gostamos. Isso não é mentira; é toda a verdade e só verdade."
.
Coimbra de Matos in "O poder da mentira e a mentira do poder"
.
Não se trata de uma tentativa de "poetização", mas de uma forma menos sintética e minimalista de falar em patologia, quando acima de tudo, os patológicos, são pessoas.
Poucos, além de Coimbra de Matos falam em amor, em vez de doença; cuidam em vez de tratar; são imunes, sem deixar de ser humanos.

Friday, June 15, 2007

| metamorfose |

Tenho escrito sobre a noite, sobre o que ela me faz sentir e de como reflecte o que sinto.
Tenho escrito de noite, sobre a noite.
Tenho tido tempo e não tenho tido tempo nenhum. Tenho-me desdobrado, tenho tentado controlá-lo. Não tenho controlado nada.
Passou o tempo dos minutos, das horas e dos dias nos dias e tenho escrito, mas não tenho escrito nada.
Tenho ouvido, não tenho escutado, tenho olhado mas não tenho visto, tenho tocado com falta de tacto, tenho ignorado, tenho evitado, tenho calado.
Tenho feito tudo e de tudo, nada se tem construído.
Tenho sido assim, aos bocadinhos, aos empurrões, sem vontade, discreta e sossegadamente…
Mas hoje não!
Hoje escutei e vi, hoje li e soube-me bem. Hoje ouvi musica, a que eu quis, hoje ri com vontade e dormi pouco, mas dormi bem, dormi na cama.
Hoje o dia esteve cinzento, mas hoje, comecei a metamorfose.
14 de Junho (5ª)
20:45

Monday, June 11, 2007

[Extensão]

Como se guardam os momentos?
Certo dia disseram-me que os melhores instantes da vida, não se emolduram, guardam-se em todo o corpo, na pele, no olhar, nos sorrisos, no coração...
Disseram-me que essas coisas, que se guardam e se amam com a nossa elasticidade corporal, podem também transborda-la depois ou ao mesmo tempo. Da pele das mãos, no toque, passa para as mãos dos outros e das mãos desses outros, ou das nossas, passa para as coisas que gostamos e para tudo que fazemos.
Do olhar, quando olhamos o mundo, e dos sorrisos, quando sorrimos dele e para ele, abraçamo-nos e aconchegamo-nos nessa entrega, expandimo-nos e ficamos maiores…
Finalmente, do coração [com o coração], somos frágeis e captamos a fragilidade e doçura das coisas, sentimos e tocamos o que a pele não alcança e os olhares e sorrisos só reflectem. Com essa bombinha, que trazemos ao peito, amamos e gostamos do que nos rodeia, partilhamos e recebemos afectos, crescemos e tornamo-nos mais fortes.
Nessas trocas, portanto, reflectem-se as marcas dos momentos que nos constituem e ficaram guardados no corpo, lembrados no corpo, mas que se estendem para além dele, sempre, nos lugares, nas pessoas e nas histórias que vamos contando, encontrando e vivenciando ao longo do tempo.
Se a vida é um ciclo então, como aprendemos na escola, só a concebo cíclica desta forma. E se os momentos se podem guardar, de alguma maneira, só se for deste modo, pela troca e pelo pedacinho de nós que fica em todas as coisas, em todos os espaços, e em todo o tempo, pela vida fora.
Assim o é, com tanta força, que ao pensar nisto, em conclusão, pelo meu braço sinto o abraço dos que o partilharam e o sentimento com que o fizeram. Ao fechar os olhos consigo até sentir–lhes o cheiro e lembrar-me da cor desses momentos, as vezes vermelho, outras vezes azul, outras vezes até, o arco-iris. E sei que o que sou e o que são, já não é tão-somente só o que sou e o que são, mas sim já uma extensão do que somos, do que fomos e de tudo o que podemos vir a ser.
O mundo inteiro é um momento e é nesse instante que estamos todos ligados.
.
O sentido e a qualidade não faz falta. Hoje não.
.

Saturday, June 9, 2007

O silencio

"O silencio, deixa-me ileso, e que importancia tem?
Se assim, tu ves em mim, alguem melhor que alguem..

Sei que minto, pois o que sinto, não é diferente de ti
Nao cedo, este segredo, é fragil e é meu.

Eu nao sei...
Tanto, sobre tanta coisa
Que as vezes tenho medo
De dizer aquelas coisas
Que fazem chorar.

Quem te disse, coisas tristes, não era igual a mim.
Sim, eu sei, que choro, mas eu posso, querer diferente pra ti...

Eu nao sei...
Tanto, sobre tanta coisa
Que as vezes tenho medo
De dizer aquelas coisas
Que fazem chorar.

E nao me perguntes nada
Eu nao sei dizer..."

Sunday, June 3, 2007


Palavras para não dizer nada, bastam! Faltam aquelas que dizem tudo…
[aquelas que não existem].
Faltam-me as palavras e o gesto dos braços, nos abraços.
Falta o impulso. Faltam as certezas, sobra a razão.
Perdemo-nos, no que se tenta dizer, ganha-se, no que não se diz, no que não se sabe dizer, no que só se entende. Vencemos pela emoção, pelo que fala o coração.
E estou aqui, onde há o medo e a vontade, onde há o que se guarda e se despe o que não se quer mostrar, onde se molda o outro e a figura, a nossa.
“Faço do tempo um parapeito” onde existes tu e a tua insegurança. Onde existo eu e as minhas mãos trémulas. Onde existem as ideias que já não se escondem nos sorrisos, onde caem no chão, onde são frágeis.
E aquilo que só se vê por fora, mostras-me por dentro, partilho por dentro, sinto por dentro, sou por dentro.
E tudo fica melhor quando estamos juntas.E nada muda e tudo muda.
Falo de ti e de ti. Falo para nós, por nós.
Falo da nossa metamorfose, falo de amizade…
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Friday, May 25, 2007

Portanto...

A música confunde-se com as cores e nas cores se reúnem os afectos, as vontades e até, as acções. Nela, ao seu ritmo, trocam-se momentos, afinidades, jogam-se olhares, mistura-se o corpo e solta-se o espírito “como se não houvesse amanhã”. Mas a verdade, a existir, é que na melodia [e contigo], é como se não interessasse o amanhã, mesmo que exista, mesmo que até saiba ou consiga ser melhor.
Fica-se assim, em plenitude, onde instantes se constroem de instantes - trazes - e pensamentos materializam saudades - levas-me.
Torno-me óbvia e transparente, transpiro o que se passa por detrás dos olhos, que reflectem, e já não há máscara que disfarce o que não dá para disfarçar, já não há quem não veja o que só se consegue ver e já não há razão que racionalize a emoção.
Agora, mesmo perdida na complexidade do sentimento escrito, ecoa sempre esta vontade, simples, que o sustém. Esta vontade por onde, em cada palavra que sai pelo teclado, ou por cada uma que fica presa num momento calado, surges tu perante o imenso branco das folhas, para as encher e torna-las também tuas.
Mesmo que enrole ou que tropece, a gramática não me deixa fugir das frases que terminam incessantemente em gosto de ti… e gosto de ti porque as frases continuam a não saber dizer outra coisa.
.
...a modos que [já não] depende do ponto de vista!

Wednesday, May 9, 2007

Infinito

A vida é feita de acrescentos!
Do ponto final fazem-se as reticências, das palavras fazem-se frases, dos segundos fazem-se os anos, de gotas fazem-se os mares, dos gestos fazem-se os actos, de silêncios faz-se o eco, de pensamentos fazem-se ideias, do espaço faz-se o lugar, de bocas fazem-se os beijos, de braços fazem-se abraços, de paixões fazem-se amores, de pequenos fazem maiores, de nós faz-se o mundo.
Se de nada se faz tudo e se tudo é cheio de nada, acabemos com a hipérbole, o âmago está no pormenor.
.
A vida é feita de acrescentos ou a vida vive em acréscimo?

Monday, April 30, 2007

Quando a saudade rebenta e o corpo encolhe ao se dobrar sobre si mesmo, é bom saber que parte da distância se engole pela voz [de fora – para dentro], na certeza de um amanhã que terá, necessariamente, de ser ainda mais bonito.
Agora, até da chuva se arquitectam as cores, mais vivas, e no cinzento se restaura a vontade dos encontros e de sair à rua, respirar aquele sol que se escapa das nuvens, por entre os espaços vazios, quando as mãos se dão e os dedos se trocam, ali, onde não faz sentido o eufemismo.
E não é simples, sabes, nem sequer é fácil.
Fogem-me as palavras da ponta da língua e dos dedos, na tentativa de as agarrar, para falar de ti. É difícil encolher-te para caberes, e elas não são elásticas nem se prendem.
O silêncio, esse, amplia-se e diz muita coisa, joga com os olhares que vêem mais perto, sentem mais forte e mexem mais fundo.
Afinal, no fim do dia, quando as mãos tremem e do corpo já só se solta o arrepio, o que a gramática não expressa, um beijo agarra, o abraço segura e o contentamento do ritmo cardíaco, mais próximo, ingere o ar e abrevia as inquietações do peito.
Envolves-me então, nessa concomitância de paladares, confundes-te com os sentidos, constrói-se a teia, turva-se o tempo, e os momentos invadem.
Acrescentas-me. E eu gosto...

Tuesday, April 24, 2007

A modos que...

É pela forma de como rasgas o sorriso, por ser único, não podia gostar tanto de qualquer outro, porque não seria teu.
É pela forma de como conjugas os verbos “amigo” e “gostar”, porque todas as asneiras do mundo não são suficientes para desprender a forma de como os absorves e de como o horizonte te desvia o olhar ao falar deles.
Porque as tuas frases, escritas e faladas, me levam em viagem sempre que as leio, sempre que as penso – sim, fazem-me pensar.
Por seres inteligente, por seres tão maior do que julgas, mesmo quando em bicos de pés, por teres fome de “mais e mais”, por ires em busca.
Pelos pormenores que tens, que gostas, que notas, que és.
Porque és criança e és mulher, porque vives, porque és espontânea.
Porque gosto da tua maneira de falar e do que falas, como falas, como sentes, como queres sentir.
Porque me fazes esquecer o tempo…
Porque gostas de amarelo, de dados e botões, porque vestes o arco-iris, junto ou separado, porque lhe acrescentas cores.
Porque gosto da tua camisola da Nike, e de te ver com ela.
Porque gosto da forma do teu rosto e de te ver de óculos.
Porque é bonito, porque és bonita.
Porque gosto dos arrepios e de te cantar ao ouvido.
Pela tua meiguice.
Porque a luz da cidade, em reflexo nos teus olhos, é perturbante.
Porque me tiras do sério, me levas o medo e a vergonha e o mundo à volta se transforma em miragem.
Porque me mostras coisas novas, porque me deixas apontar-te outras.
Pelas tuas reflexões e pensamentos nocturnos ou matinais.
Pelas mãos frias e coração quente.
Pelo beijo...
Porque seja o que for, o que foi já é.
Porque não se explica o que não tem explicação.
Porque o que te torna especial, está em seres assim, quem és.
Porque gosto de ti, porque és tu, e mais ninguém.

Sunday, April 15, 2007

pela janela

Assusta-me ligeiramente a vida, as vezes, enquanto escuto o que o ritmo da chuva na janela me vai dizendo, cá dentro, enquanto penso que não há muito tempo, nessa mesma janela, era o sol que batia, e a única água que invadia os pensamentos era a do suor, do corpo no corpo. Nessas vezes, ao beber leite quente, que aprendi a gostar agora, enquanto está frio lá fora, lembro-me que ela passa depressa, que corre e nós não corremos sempre com ela, ou então, corremos vezes demais.
Assusto-me quando acordo, hoje, e já é amanhã. Quando o tempo em que dormi, tantas horas, se passou entre um abrir e fechar de olhos, que tantas vezes não basta sequer para dar um passo em frente.
Preocupa-me a falta de ousadia e a ousadia maior, o desapego do melhor timing para tudo e para nada, este viver de contra-corrente ou favorecendo demais o gradiente de concentração.
Revolta-me a inércia e o atrito.
Enerva-me a força da gravidade que não para de cair, e o peso que vai pesando sempre, da mesma ou de qualquer outra maneira.
A vida intimida-me, amedronta-se, sempre que me comovo com ela, todos os dias, quando o pormenor da esquerda passou a fazer sentido somente na direita porque debaixo dele dezenas de outros se agitam em trabalho de parto.
Sim, a vida assusta-me ligeiramente, ás vezes…
Mas só às vezes, quando o coração palpita mais irrequieto e os olhos se espraiam ansiosos, para lá dos horizontes do tacto, nesses olhares, pela janela.

Saturday, April 14, 2007

O que se ouve [e se canta] no “UFA!..que já nos safámos” (carro da Sarita) às 02:00 da manhã:
.
Quando a cabeça não tem juízo
Quando te esforças mais do que é preciso
O corpo é que paga
O corpo é que paga
Deixa´ó pagar deixa´ó pagar
Se tu estás a gostar
.

Quando a cabeça não se liberta
Das frustrações, inibições toda essa força,
Que te aperta,
O corpo é que sofre
As privações, mutilações.
.
Quando a cabeça está convencida
De que ela é a oitava maravilha
O corpo é que sofre
O corpo é que sofre
Deixa´ó sofrer deixa´ó sofrer
Se isso te dá prazer
.
Quando a cabeça está nessa confusão
Já sem saber que hás-de fazer, e já és tudo o que te vem à mão
O corpo é que fica
Fica a cair sem resistir
.
Quando a cabeça rola pró abismo
Tu não controlas esse nervosismo
A unha é que paga
A unha é que paga
Não paras de roer
Nem que esteja a doer
.
Quando a cabeça não tem juízo
E tu não sabes mais do que é preciso
O corpo é que paga
O corpo é que paga
Deixa´ó pagar deixa´ó pagar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó sofrer deixa´ó sofrer
Se isso te dá prazer
Deixa´ó cantar deixa´ó cantar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó beijar deixa´ó beijar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó gritar deixa´ó gritar
Se tu estás a libertar “
.
Variando com o variações, até porque combina bem com o vermelho do automóvel e o desprendimento do travão nos percursos. :D

Thursday, April 12, 2007

Hoje não fugi da chuva, molhei-me.

.
.
"As confidências demoram-se no céu da boca
como as nuvens lentas do Outono. Sopro-as,
para que o céu se limpe e apenas uma névoa vaga
se cole ao que me queres dizer; mas
encostas-me os lábios ao ouvido e tu, sim,
é que me contas que céu é este, e de onde
vêm as nuvens que o cobrem. Sentimentos,
emoções, paixões, interpõem-se entre
cada frase. Nem há outros assuntos
quando nos encontramos, e me começas a falar,
como se fosse o coração a única
fonte do que dizemos."


Fons Vitae
Nuno Júdice
.
.
.
Há vozes que falam assim, baixinho, em jeito de sussurro, a medo.
Desde que a mensagem não se perca e o calor não se difunda da ponta dos dedos e do rubor dos lábios, o tom e a tonalidade do diálogo, somente servem de aconchego ao batimento cardíaco e aos sorrisos que se rasgam por detrás da orelha...
Mesmo quando não há nada a dizer, ou tudo o que se diz já foi dito.
Mesmo até, quando em curto-circuito de emoções paralelas.

Monday, April 9, 2007

Before the Sunset

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
.

(Da BSO do filme)
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Absolutamente fantástico.
Que explosão de cor – de detalhes. Fome de loucura, de paixão, de romance, não [só] por alguém, mas na/pela vida. Talvez por isso goste tanto deste filme, sempre que o vejo e revejo, é um hino aos pequenos pormenores de tudo o que é bonito, a tudo o que a vida devia ser, como gostava que fosse. Nem tudo é perfeito, nem deve ser e sou feliz por se conceber assim, nessa epopeia de coisas estranhas, novas e velhas, boas e más. Mas justamente por isso, mesmo que contida num pano de fundo mais pálido, o desenho pode ter sempre todas as cores com que o desejarmos pintar. O mundo é um lugar de oportunidades e de encontros, fortuitos, alguns, deliberados, outros, mas todos importantes, no seu espaço, no seu tempo e para os intervenientes que desencadeiam o vórtice.
Afinal, na casualidade existente entre um nascer e um por do sol, tudo pode acontecer, pelas ruas transbordantes de Veneza, num café de paris, ou até mesmo aqui, dentro dum olhar sobre Lisboa.
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“Sou obcecada em pequenas coisas. Talvez seja tola, mas quando era pequena, a minha mãe dizia-me que eu chegava sempre atrasada à escola, e um dia seguiu-me, para perceber porquê. Disse-me que eu ficava a ver as nozes a cair das árvores, a rolar no passeio, as formigas a atravessar a estrada, a sombra de uma folha num tronco...pequenas coisas. Acho que é o mesmo com as pessoas. Vejo os pequenos pormenores, tão únicos, em cada uma delas, que me tocam e de que tenho e terei sempre saudades. Nunca podes substituir alguém porque toda a gente é feita de pequenos detalhes lindos e únicos. Como a tua barba, recordo-me como era ligeiramente ruiva no queixo, e de como o sol a fazia brilhar, naquela manhã, mesmo antes de te ires embora. Recordava isso e tinha saudades. Uma maluqueira, não é?” Celine in Before the Sunset (A não perder o filme anterior, Before the Sunrise)