Thursday, April 12, 2007

Hoje não fugi da chuva, molhei-me.

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"As confidências demoram-se no céu da boca
como as nuvens lentas do Outono. Sopro-as,
para que o céu se limpe e apenas uma névoa vaga
se cole ao que me queres dizer; mas
encostas-me os lábios ao ouvido e tu, sim,
é que me contas que céu é este, e de onde
vêm as nuvens que o cobrem. Sentimentos,
emoções, paixões, interpõem-se entre
cada frase. Nem há outros assuntos
quando nos encontramos, e me começas a falar,
como se fosse o coração a única
fonte do que dizemos."


Fons Vitae
Nuno Júdice
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Há vozes que falam assim, baixinho, em jeito de sussurro, a medo.
Desde que a mensagem não se perca e o calor não se difunda da ponta dos dedos e do rubor dos lábios, o tom e a tonalidade do diálogo, somente servem de aconchego ao batimento cardíaco e aos sorrisos que se rasgam por detrás da orelha...
Mesmo quando não há nada a dizer, ou tudo o que se diz já foi dito.
Mesmo até, quando em curto-circuito de emoções paralelas.

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