Tuesday, December 23, 2008

Gostava de escrever sobre tantas coisas, mas compreende que não é tão básico e que às vezes dói, quando o faço. Gostava de saber dizer sempre tudo o que há a dizer, tudo o que não devia ficar nos intervalos entre o ir e vir; de fazer caber todos os inícios, todos os fins de cada frase, ou palavra; gostava de não ter receio do que reflectem de mim, do que reflectem para mim; gostava de dizer só o que digo, entendes? Cada vez tenho menos palavras e cada vez tenho mais para dizer. Quero poder não me arrepender depois de dizer o que sinto, ou depois de não o dizer. Quero saber transmitir exactamente o que é, sem nenhum pedaço do que não é, um pouco mais de transparência, as vezes, um pouco mais de opacidade, outras. E mais do que escrever, quero poder/saber dizer do que se trata, quando se trata, quero poder ser. O casulo que se prende entre a língua e os dentes, não desvanece. Continuam as metáforas, a hipérbole e o traço histérico a camuflar muito do que é verdadeiro. Um dia acabam…
Mas hoje não é o dia, talvez amanhã…
Hoje há controlo e ideias por organizar, por favor!

Monday, December 8, 2008

06 de Dezembro de 2008






Bem, nem sei bem como agradecer-vos a todos, por terem tornado este dia tão especial. Cada um, da sua maneira. Mais do que o Jazz, o teatro, videos e etc, aquilo que fez desta festa, uma grande festa, foram todos vocês, familia e amigos. Acredito nunca ter sentido tanta alegria por tê-los todos juntos, finalmente. Todas aquelas pessoas que são fundamentais na minha vida, todos que a tornam especial e que a fazem valer a pena. Confesso que não pensei que fosse decorrer da maneira que correu, mas ainda bem que assim foi, ainda bem que houve espaço para rir, chorar, dançar, cantar (oh meu deus, isso nao gostei muito!!!! lol), com uma grande naturalidade. Que pequenos e "graudos" se juntaram, trocaram ideias, partilharam momentos engraçados e outros mais sérios. Foi um optimo dia junto de vocês todos. E porque já me estou a perder nas palavras, porque realmente elas não cabem, ficam aqui alguns dos momentos...
































Gosto muito de vocês!!!!!!



Obrigada por me fazerem sentir que posso contar sempre convosco e por todas as palavras de força e apoio! =)

Ps: Um agradecimento especial à sandra, por ter trocado de sapatos comigo! =DD

Tuesday, November 25, 2008

Falar
Gritar
Rir
Chorar
.
.
.
you owe me nothing
.
.
.
Falar a Gritar
Rir a Chorar
Falar a gritar, a rir e a chorar
.
.
.

Sunday, November 16, 2008

Um brinde...

"Aos amigos da noite!
Aos que nos beijam dizendo o quão fantásticos e importantes somos nas suas vidas, mas que, quando o efeito do ecstasy passa, atacam-nos insultando e criticando cobardemente pelas costas!
Aos amigos sempre presentes quando temos droga para oferecer e copos para pagar, acabando por desaparecer quando estamos tristes, vulneráveis e a precisar de desabafar com alguém.
Aos seres flamejantes que conhecemos numa noite em que a cocaína e o álcool nos fazem sentir que eles são os melhores amigos do mundo, mas que na noite seguinte, sóbrios, nem sequer reconhecemos.
Ao sexo! Vazio, prático e desprovido de sentido!
Aos amantes de uma noite, de meras horas, aqueles cujos nomes não recordamos ao acordar...
Aos rostos jovens, alegres e vazios, e aos magníficos corpos sem essência nem alma!
Ás estrelas, afinal, são a única coisa em que podemos confiar numa madrugada escura!
Ás drogas e ao álcool, por nos fazerem viver num mundo mais belo!
Um brinde à noite, ao cintilar das luzes, ao fútil, à falsidade e à hipocrisia. "







O pior sentimento de todos, é o vazio...

Thursday, November 13, 2008

Alguns minutos passados em Barcelona... (2007)

[Saudades] Por estes dias revive-se as afinidades que confirmámos por lá e mantemos juntas actualmente... Sabe bem!

... e porque o desespero faz parte do momento, fica uma conversa muitissimo sã, passada na biblioteca Ispiana...


Satya work work work diz:
o orientador nao lhe diz nada e ela ta parada, coitada.
Carolina diz:
q cena! os orientadores são do pior.. têm a nossa vida, o nosso dinheiro e o nosso tempo nas mãos deles... e são capazes de fazer isto! realmente!
Carolina diz:
onde é q está a culpa!? cambada de psicoticos!!!
Satya work work work diz:
lol. Realmente!!!!
Satya work work work diz:
começo a perceber que nao ha um unico neuroticozito k entre aki inocentemente, que mais tarde nao saia daki com algum traço psicotico
Carolina diz:
só nós é q nos safamos...
Satya work work work diz:
ou em ultima instancia... louco mesmo!!
Satya work work work diz:
lolol
Satya work work work diz:
olha que ja tive mais certa disso
Carolina diz:
lolol
Satya work work work diz:
alias, o facto de estares mesmo ao meu lado e estarmos a falar na internet
Satya work work work diz:
ja é sinal de k kkcoisa nao ta bem!
Carolina diz:
claramente! lol

Conclusão: O ispa dá cabo de qualquer um!!

Saturday, November 1, 2008

Quando era mais nova, tinha o hábito de fazer pastas para guardar todas as recordações de cada viagem... Guarda, Santiago, Salamanca, Túnisia, etc. Sabia-me bem rever tudo o que passei em cada guardanapo, cartão de restaurante, panfleto, mapa, bilhete de museu ou espectáculo, fotografia e até sabonetes dos hotéis. Como era tonta com essas coisas. Hoje, enquanto arrumava o quarto, encontrei algumas dessas pastas, perdidas numa gaveta cheia de outras porcarias, como se tudo aquilo não valesse nada. Sorri e dei algumas gargalhadas. Não sei se fiquei contente, se somente triste, por ter perdido alguma dessa vontade de agarrar as coisas simples. Mas ao mesmo tempo reconheci que nada pode ficar igual, nem imutável, com a passagem do tempo. Seja como for, há momentos, que mesmo sabendo que não os vamos poder viver novamente da mesma forma, podemos recordar e guardar com carinho. Com isto, numa dessas gavetas intemporais, encontrei o resumo de um conto, escrito, algures por Santiago de Compostela. Procurei melhor na gaveta, e encontrei o conto inteiro. E porque este blog é também uma pequena caixa de recordações, que partilho convosco, meus amigos, resolvi escrever aqui então, o que dizia esse resumo!

Contraste, de nós (é como se chama o conto)

O mundo cerca-nos de emoções e situações novas, todos os dias, a todo o instante. Estas, por sua vez, diferem entre si, sobretudo na importância que lhes atribuímos e nas marcas que nos deixam, ao longo do tempo. Este conto retracta, por isso mesmo, o relevo dessas marcas, através da história de um encontro breve, entre duas pessoas, antagónicas entre si e na significância dada ao momento da sua união, bem como na forma como ela influenciará o resto das suas vidas. Contraste, de nós, é portanto uma narrativa sobre o amor e a solidão de um encontro, reflectido numa concomitância de sensações e limitações do seu posterior desencontro.
Trata-se de uma reflexão a duas vozes, sobre o vácuo das ausências e a forma de como essas lacunas podem ecoar de forma completamente diferente, entre duas pessoas, que sendo estranhas uma para a outra, se procuram, desesperadamente.
Melhor do que partir, é ter para onde ou a quem voltar...

Na foto, Ana Diegues e Custódio Nunes. Só porque achei que cabia no conto, assim como no blog.

Tuesday, October 28, 2008




Quero prateleiras de Jazz na minha vida.
Quero esquiços de paisagem construída à mão, como antigamente. Apetece-me as cartas, as fotografias que guardam o mistério no rolo e numa sala escura. Quero entornar o café feito em casa, ao em vez de esvaziar os copos meio-cheios da noite. Apetece-me um casaco quente e algum vento que vem do rio, nos cantinhos que se vão fazendo só nossos. Dias com quadros, livros, musica e palavras embebidas ao som das vozes tranquilas, embalando conversas de horas. Braços que abraçam. Um filme. A casa só para mim. Um pouco de elitismo e amigos que são mesmo amigos. Partilhar passagens sublinhadas nos livros ou poemas gravados na memória. Sintonia. Momentos outonais numa caneca de chocolate quente ou capuccino caseiro. Um cigarro. Acordar e a sensação de paz. Como disse uma pessoa da minha vida, viver com “uma sensibilidade, uma melancolia e uma sentimentalidade” agradável. Quero dias assim. Em comunhão. E repito, quero prateleiras de jazz no meio de tudo isso, como se amanhã fosse para sempre só amanhã.
Até porque como dizia o Alexandre, deixando hipocrisias de lado ... que se foda!

Wednesday, October 22, 2008

Chegou, então, o Outono...

Monday, October 13, 2008

"Será que o ser humano só está completo com o Outro?
Estaremos então “condenados” à incessante busca da nossa metade?
O outro pode ser o companheiro, o namorado, mas também o amigo ou até o filho... embora a maioria de nós anseie por uma partilha a dois.
Talvez a existência humana, originária de uma díade, perpetue este mesmo modelo... Assim, existir, será sinónimo de sentir, de amar e ser amado, não apenas numa relação de casal, mas também noutras formas de amor. Algumas pessoas têm medo de amar, da entrega, da “pertença” a alguém, talvez receiem o sofrimento, a perda... já que, quando enveredamos pela temível aventura de amar e ser amado, temos que estar igualmente disponíveis para conviver com a nossa vulnerabilidade...
A par do Sentir, está a linguagem dos afectos - atitudes que pautam o nosso comportamento, que implicam a explicitação da nossa vivência interior, subjectiva e única.

Je t’aime je t´adore Te quiero tanto

Palavras presentes nas canções, nos poemas, mas muitas vezes, ausentes da nossa realidade. Porque não queremos, porque achamos que os outros, de forma quase mágica, vão deduzir o que nos vai na alma, pois se tudo fazemos para o ocultar... "

António Coimbra de Matos
in "Existo porque fui Amado"
Tudo pode ser visto de várias perspectivas.
Agrada-me a maneira de pensar deste senhor, assim como a sua forma de olhar para a vida.

Thursday, October 2, 2008

Aquilo que se passa é ...

Reclamações, só pessoalmente! Obrigada ;p

Monday, September 29, 2008

Há uma viragem em cada ponto, instante, segundo...
E em cada concomitante sobrevivência, uma apoteose, desnorteada no ar… Bloqueio. Atitude. Novamente um espaço que vai ficando, algures, entre os sentidos e um palpitar estranho, no tempo que preenche o lugar. Encolhem-se então os ombros e vestem-se os pés, pelas ruas e pelo soalho do quarto e da sala de estar, as vezes vontade, noutras, somente cansaço - mas um cansaço estreito que se encaixa, quase, em coisa nenhuma. Desliza por um motivo perdido nas horas que passam e num mundo inteiro a fazer. Há nele um fuso que enrosca no horário que temos dentro, suspenso ao que se vive fora. Pé ante pé vai-se fazendo então a estrada. Mão sobre mão vamo-nos fazendo também a nós. E depois, vem um amanhã e um até logo, porque é no A, entre o Amor e o Adeus que está a dor e o arrepio, assim como, provavelmente, a nossa maior contenda.
Numa noite de Outono

Friday, September 12, 2008



Sometimes, it´s all about feeling good with yourself...
... when nothing´s right (even, when nothing´s wrong), when you´re sad, when you´re happy, in every step of the way of finding who you are. When, there´s nothing more to say, "you can dance", everytime, everywhere. The joy of life lives within yourself.




dancing queen - abba

Monday, September 8, 2008

O ano passado, saiu um artigo "muito interessante" na visão, no que respeita à perspectiva da homossexualidade por parte de uma Terapeuta Familiar, Margarida Cordo. Por algum motivo, reencontrei este video muito bem apanhado pelo Bruno Nogueira, e portanto, resolvi partilhá-lo convosco.

Monday, September 1, 2008

Fico, por estes dias, a mirar o tempo, pelo resvalar das cores junto ao rio. Colando com fita-cola os retalhos da memória, como que evitando que os pequenos detalhes encontrados nas ranhuras, se percam, na inevitabilidade do crescimento e amadurecimento humano. Na mesma vontade, por vezes, desaustinada, de seguir em frente, sobra o desejo, miudinho, de ficar mais atrás, à espera, de quando tudo era mais simples, ou mais fácil. [Mesmo não sendo, muitas vezes]
Sim, ainda me assusta, por vezes, a dor de seguir viagem, com (ou sem) rumo, mesmo que por prazer. Ainda espreita, de soslaio, a imagem dessas memórias, que tão veementemente tento guardar para mim.
Como se, por instantes, fosse possível perdê-las, completamente.
Como se, na sua essência, o que me trouxessem pudesse ir embora, de repente.
Como se o tempo pudesse voltar atrás.
Como se eu quisesse
– e não quero.
Por esta altura, sento-me junto da ria formosa, com a brisa marítima que vem no vento e me envolve o corpo, fazendo esvoaçar o cabelo. O cigarro está aceso na mão, assim como os pensamentos que vão entrando em combustão com ele. Por vários momentos que se prenderam num apenas, tudo fez sentido e nada teve sentido algum. Como se pela tranquilidade do lugar, onde a noite já caiu sobre as janelas, escuras agora, os pormenores coubessem, inteiros, na palma da mão, dando-lhes outro significado. A noção, nem sempre clara, de que poucas são as coisas que saem do cinzento, entre o preto e o branco, apesar da tendência para tudo transformar no monocromático, vem transbordando assim o ambiente, quotidiano. Um choque racional, emocional, o que interessa, um choque (Afinal, não tem mal, o que importa, o que não importa?)Qualquer coisa que se vai metamorfisando a si mesma, sem eu dar por isso, ganha corpo. No conjunto em que nos vamos construindo vem um mundo inteiro, até mesmo o medo. E, no final, não aconteceu nada, para além dos constantes paradoxos. Até porque, nesta madrugada, o cigarro acabou, mas apenas o cigarro, nada mais.

26 de Agosto, Santa Luzia

Friday, August 22, 2008

"Excuse me
But I just have to
Explode
Explode this body
Off me
I'll be brand new
Brand new tomorrow
A little bit tired
But brand new"

Pluto - Bjork

Tuesday, August 19, 2008

quem espera, em cascais.

Iam duas mãos (dadas) a passear pela rua.
Traziam os corpos de rojo, como corrente eléctrica.
Os rostos, inexpressivos, eram quase estáticos no movimento, mas as pálpebras caíam e voltavam a abrir, mecanicamente. Os corpos eram iguais, pelas ruas. Um escuro, outro mais claro. Os dedos pareciam vincar a pele, numa espécie de fusão, ou de perda de identidade, não sei. O passo ia lento, mole, arrastado...e ao mesmo tempo certo, sincronizado.
Pararam na estação.
As mãos continuaram dadas, e continuavam a ser só mãos, mas desta vez sobre a pedra do banco cinzento.
Continuou o silêncio.
Continuaram a cair sobre si mesmos, as mãos que passeavam na rua, mais as pálpebras e a rotina que se manifestava no vácuo. Duas pessoas que não libertavam calor, só electricidade, "de estufa".
Chegou o comboio.
Chegaram as pessoas.
Chegou um olhar que quebrou a corrente. As mãos largaram-se, por instantes, e do vazio ouviram-se os olhos, as mãos, o corpo e a boca a gritar ao mesmo tempo: "Vai-te foder!".

the end.

Sunday, August 3, 2008

Fazia-se sentir um eco estranho.
Copos que se partiam sem fazer barulho, pessoas que se moviam sem dizer nada, e nas paredes, um vazio esquisito que lhes pintava a cor, que surgia em cada momento das pequenas trocas, na vida, em de-redor.
Na rua um abraço, algumas conversas mais de dentro, outras mais para fora. Um amigo que já não via há muito, outros que vieram de longe, novos. Na rua um beijo, e outro, e mais um porque se dão dois na despedida. Na rua, um sorriso e uma gargalhada surgida de um instante verdadeiro. Um parapeito de vivências. Na rua a vontade e alguma preguiça de ir embora. Na rua uma rotina, um fim e um começo.
Na rua. Um livro. Abro-o para lhe sentir o gosto, em cada página, quando me debruço sobre ele, chegada depois a casa. Em cada letra um dislimite de equações, direcções e enquadramentos, como se em todos os poros coubessem mundos e em cada um se dilatassem todos os outros, ao mesmo tempo. Porque a literatura se dispersa em nós e nos transforma. Porque, como me disseram, escrever “prescreve” os males, os anseios, as frustrações e até a alegria de momentos.
Porque, por vezes, pequenos momentos, algumas horas, alguns minutos, valem-se por dias inteiros, bastam para engrandecer dias e mantê-los vivos. Mas outras vezes, não. Porque um dia são 24 horas, e o tempo é uma vida inteira.
Porque se sou a maior constante, que me baste, que não me baste...mas que me baste.
Porque (um) a palavra, que não diz nada (ou não é nada), as vezes tem de ser tudo.
Mesmo com revolta.
Mesmo contragosto, porque há "gostar".
Portanto, vou para baixo e vou bastar-me, na rua e em casa e em qualquer outro lugar.
Há que tentar.
E conseguir, eventualmente.

Friday, July 18, 2008

. . .Tempo para me distrair com o tempo!


“Some of us think holding on makes us strong; but sometimes it is letting go”.
Herman Hesse

Sunday, June 15, 2008

Me and James Love...

Noitadas!...tremidas.
Café, Date Rape e Cancro [grandes mixes]
Time for nothing else.

Friday, June 13, 2008



Paragrafos, caidos ao chão.

O avesso.

Ser pessoa e ser não-pessoa.

Estar vivo.

Respirar fundo e mergulhar.


.


"Ser-se simplesmente louco, ser-se simplesmente irreal dentro da própria realidade."

Thursday, June 12, 2008

Há dias em que acordo e o mundo inteiro é um tinteiro, uma paleta de mil e uma cores sobre as quais debruçar pontos de fuga e acção, rabiscos dos devaneios, achados, de norte a sul da biologia humana. Dias de momentos a caminho de momentos a todo o instante, como se em cada segundo coubesse uma fotografia da vida ou um bloco de notas para os placares da memória. Dias de suspiros de vento no rosto e cabelo nos lábios, de olhos postos nos percursos, multiplicados em cada passo, como diagonais do que poderíamos ser, se quiséssemos.
Sim, há dias assim.
Dias com eco dos sorrisos e até das lágrimas, dias de malas ás costas e projectos no peito, dias de vontades do fundo, de saudades do mundo. Dias de busca! Quero sentir que toco, quando toco, que vejo quando olho. Não busco espelhos nem retórica e nem sequer os prefácios, quero mesmo a literatura do bolso e das viagens de comboio. Quero o por e o nascer do sol. Quero o dia…quero a noite! Quero verdade em cada acto, quero vontade. Quero diálogos de improviso e o teatro de rua. Quero concertos de emoção em cantos sozinhos, quero-os a dois, quero-os em grupo. (sim, também quero estar comigo mesma e sentir que, por isso mesmo, nunca estarei sozinha). Quero vivências que se bastam a elas mesmas, quero silêncios que falam e olhares que não escondem. Quero o abraço e não quero (mais) limites. Quero bater com o pé e dizer que não. Quero saltar e saber que sim. Quero luz…e a transparência!
.
Estou cansada do monólogo. Cansada, da antecipação!
Sim, estou com(tudo) cansada…
e quero dias assim!

Sunday, May 18, 2008

É o que se prende debaixo do pontiagudo das palavras, do descrédito, do desapego. Na ponta da língua há sempre um dicionário sem sinónimos na gramática do outro. Cada pequeno vocábulo é um mundo pela sua conjugação, seu timming e pela discrepância entre o ser e o estar, entre os ditos e os não-ditos, entre o começo e o fim. As vezes são milímetros, outras vezes são percursos demasiado longos que separam uma coisa da outra e cada um de cada qual. Somos diferentes. Somo iguais. Mas somos todos, de alguma maneira.
E se há ficheiros partilhados no corpo, que não se trocam só com o corpo, nem só com a mente, ou com qualquer outro instrumento (pálpavel) de medida, da labilidade dos processos sobra também uma objectividade incontornável.
Por conseguinte, neste enlace, do s-ou-s, agora, já não há que retirar outra coisa senão “uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma” conforme escreveu Irene como forro de uma capa de livro qualquer. Também os nomes não importam, nem as palavras que são só palavras, nem as verdades que são só meias, ou as mentiras que não magoam.
Há um extremo em cada ponto de viragem e um posterior meio-termo que não é termo de coisa alguma. Reticências encavalitam-se, umas em cima das outras, umas, perdidas nas outras, roubadas nas outras, vazias nas outras. Porque nestes instantes, tropeça um arrastão de imagens que levam a segurança e o arrebatamento, a tranquilidade e o conforto e que, no limite, nos levam também a nós.
O tempo escorre e no entretanto, de cada tanto, tudo é tão leve e tão solto, como as curiosidades presas ao chão e os isqueiros que se trocam, levianamente, em conversas de café.

De momento estou off. Volto quando houverem estribeiras.

Wednesday, April 2, 2008

"Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso dos gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o seu próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atençao, da
súbida fixidez dos olhos amados, como se
também houvessem coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso deste sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzindo em
breves palavras a sua silênciosa verdade."

Nuno Júdice

Tuesday, April 1, 2008

Not an object.
!!surprise!!

Wednesday, March 5, 2008

.
Equipa Voleibol Feminino ISPA 2008


O terminar de um ciclo.

Sunday, March 2, 2008

Instinto

O instinto enquanto margem de todas as coisas, interpela-nos pela vida fora. As vezes, mais sensíveis, agarramo-nos àquilo que julgamos trazer-nos, que julgamos ir directamente dos sentidos às acções e das acções às motivações que as incentivam.
As vezes julgamos bem, outras vezes, perdemo-nos na nossa própria prepotência e as respostas a nada respondem.
Porque o instinto é primário e como tal, é tão falível quanto a razão exacerbada que nos direcciona pela imensidão dos percursos da vida e do mundo - concomitantemente vagos.
Novamente um meio-termo que não é termo de nada, e um balanço que se reduz na falta. Enfim a conclusão, precipitada, da natureza humana. Sendo tão em cheio, saiu tão ao lado.
Cubículo de sentires, rasgamento de variáveis. Até porque a triagem das vontades de encontros, perde-se nas cores de gravidade que, muitas vezes, nos enganam.
E se o instinto se procura e encontra a si mesmo num instante de olhares, ao não ser suficiente, passa ao lado, perde a forma e escoa em qualquer outro lado que não em nós.

19.02.08

Monday, February 25, 2008

. . Psicossomática : :


De varias cores se fazem as emoções. Verde e roxo, preto e branco, azul, vermelho. Nasce na alegria, passa pela crise e culmina em algum lugar que se perde na psicossomática dos corpos. Neste sentido, por baixo de um véu que se vai mostrando ténue, transparece a intimidade de um beijo, do trilho que se faz dos pés à cintura e de todos aqueles que se manifestam acima dela. O ritmo é constante e já nem por isso elementar.
A música vai calando o som, que vibra por dentro e, os cheiros, vão desorganizando a compostura, ela própria já desalinhada pelo toque. Nesse entretanto, já nem há nada a dizer para constatar significados, talvez não seja sequer necessário ou relevante… mesmo que as palavras comecem a não estar tão pesadas, assim como os pensamentos, assim como os sentimentos.
Talvez bom (ou bom demais), talvez cansaço, talvez vontade. Não necessariamente nesta ordem, num desatino que se estende, já comprido, nem só de não verdades se fazem dificuldades e até há quem diga que é precisamente na realidade que se comporta o perigo…com certeza o medo. Nesse entretanto, fazem-se silêncios com barro e pincel, trocam-se mãos por baixo da mesa e de outras histórias, que se vão esquecendo (ou perdendo) nos momentos.
Como consequência, as crenças vão deixando de ser certas, assim como os propósitos, assim como os dias que se vão depositando, uns em cima dos outros, em euforia, trazendo-lhes outro brio, outro brilho.
Não me interessam mentiras, ou verdades. Não me importam “os outros”.
Preservação do tempo, com medo do tempo, não faz sentido.
Hoje, é o que me importa.

Tuesday, February 12, 2008

"Josef: I thought ummmm, you and I, maybe we could go away somewhere. Together! One of these days... Today. Right now. Come with me!

Hanna: No, I don't think that's going to be possible.

Josef: Why not?

Hanna: Ummm, because I think that if we go away to someplace together, I'm afraid that, ah, one day, maybe not today, maybe, maybe not tomorrow either, but one day suddenly, I may begin to cry and cry so very much that nothing or nobody can stop me and the tears will fill the room and I won't be able to breath and I will pull you down with me and we'll both drown.

Josef: I'll learn how to swim, Hanna. I swear, I'll learn how to swim. "


in "The Secret Life From Words"

Porque há sem dúvida uma vida secreta, em cada palavra e em cada frase.
E faz sentido, mesmo sem ter nenhum.

Wednesday, February 6, 2008

As melhores sensações de todas, as vezes, transportam-nos os momentos de todos os dias, num só dia.
As ruas e as pessoas, a obra e os seus autores, os encontros e os caminhos de outrora misturados com os de hoje. Os silêncios. Os ruídos. Ambos em simultâneo. A lembrança dos sons e das palavras. O tempo. Os projectos, as ideias, as trocas, os afectos em concomitância com as novas formas de olhar para nós e para o mundo. A vida, de todos os dias, comprimida num instante. Os lugares, as manifestações das palavras, a expressividade dos rostos, os conhecidos e todos aqueles por conhecer. Os cheiros e as paisagens, os circuitos sugando tudo o que nos vai por dentro. O desatino e a euforia dos sonhos – os que se lembram e os que se revoltam em trabalho de parto. O tudo do nada e o nada do tudo. Um bum. Um sorriso. E um até amanhã.
Vivendo-se, coexiste em paralelo um amarelado que cai sobre Lisboa, só para acordar as luzes da cidade à noite, descendo pela mezzanine que se faz de miradouro. Tantos detalhes. Tantas vivências. Tantos povos num só povo, o do mundo.
Por vezes, quando lado a lado, mais do que se encontra, procura-se. E é o bastante.
Vive-se bem, quando se vive realmente. Cada morte fosse por viver demais (e não de menos).

02.02.08

Tuesday, January 29, 2008

"Who we are is a product of our history. Everything that we are now is on account of everything that happened to us. But everything that happened to us perhaps did not help us to be who we really are. Perhaps it taught us to be like the world wants you to be and not how you really are."
Albert Pesso
.
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Tão básico, e tão verdade.
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Seja como for, na dúvida,
Que importância tem, o que não importa?!
Não é simples ser diferente, é verdade, mas quase sempre é menos dificil quando somos iguais a nós próprios.

Sunday, January 20, 2008


...nessa dicotomia entre a força e vontade, vai-se consolidando o segredo e um mistério...

...a sobrevivência de borboletas, que vivem, algures, entre o estômago e o resto do corpo .

Sunday, January 13, 2008

. .. monocrotico

sensações misturadas pelo entardecer nos corpos, deitados. invasão. não há distância que os aproxime, nem proximidade que os retenha juntos. não há festas, nem sequer há balões. não há silêncios nem conversa, há ruídos de cerimónia, sem entoação ou balanço. não há movimento além do monocórdico encontro das palmas brancas das mãos, uma na outra. não há vazio nem há espaço. há uma vertigem de encontro, um desatino de dor e euforia no olhar. um abismo e a plenitude. há desilusão e há rancor. há amantes que não se amam e quem se ame sem sequer se amar. há o tempo de morte e o tempo de vida. há um nós pelo meio e uma solidão em cada ponta. há um versículo de historias por contar e viver. há a movida da rua e o vento nos cantos da casa e no exercício do lençol. há uma relativa vontade, uma premissa de orgulho num consequente desiquilibrado e insatisfeito. razão. há a emotividade que se escasseia na intensidade do toque, nos cabelos. há um adormecer que não dorme e um acordar que não desperta. há a rotina. há o calar. há um adeus que se cumprimenta. não há perguntas. não há respostas. há uma premissa de ser humano no umbigo e no fechar do horizonte. há um queimar que já nem queima. um gelo, que já não gela. há um instante e depois, já não há nada. ainda há tudo.

Thursday, January 10, 2008

Turbilhão


As vezes, sou só eu e a estrada. Eu e os pensamentos e ideias, eu e as emoções na pele e na musica que grita mais fundo. Sou eu e o acelerador de memórias, de reflexões, da concomitância da vida; sou eu e o acelerador do carro, que não quer travar e não trava, nem os pneus nem os percursos e o desafio que oferecem, nem sequer as palavras, nem sequer o silêncio.
Afinal, a verdade é que as aparências iludem e escondem muita coisa. Camuflam identidades, carácter e personalidade; tapam inseguranças e tanto medo; guardam pessoas, fecham-nas, emparedadas no tempo perdido. Há momentos e pessoas que nos projectam e em quem nos projectamos desmedidamente, que nos guardam, onde as guardamos e onde se despem as representações do figurino, ficando nuas, cruas, irrelevantes. Nesse instante, então, pessoas e momentos tornam-se somente pessoas e momentos, descompensam-se as defesas e transbordam-se limites que, pela sua nudez, deixam de existir com clareza.
Um sujeito é um mundo, o seu, e o nosso. E na verdade somos todos um pouco uns dos outros, mesmo sem nunca pertencer a ninguém. A figura do estranho avizinha-se querida, quando o estranho maior somos nós.
E é nestas alturas que os olhos se fecham somente para se abrirem e notarem que, afinal, já não sou só eu e a estrada, e o travão pesou mais que o resto do caminho. Agora, sou eu e o passo em frente. Por isso mesmo, hoje eu gritei “Ok!”, e eles gritaram “Ok!”, e a dor e alegria, em uníssono, gritaram “Ok!”. O medo veio à baila, a ternura brotou dos olhos chorosos, mas controlados. As gargalhadas esconderam a sensação de perda; a perda escondeu a noção de liberdade e a liberdade encobriu o passado e a solidão.
A vida, agora, é para viver e é um ganho de uma maneira que só a imagem percepcionada pelos meus olhos poderia melhor clarificar.
A perspectiva que temos quando o mundo se parece transformar num berlinde, naqueles abraços apertados contra o peito, abraços que agradecem com sofreguidão o rumo que podem, finalmente ter, puxa-nos a imunidade sentimental e solta pensamentos que nos engrandecem e que, mesmo que só por alguns instantes, nos torna melhores e maiores pessoas.
hj, foi qualquer coisa sem nexo.