Tuesday, August 19, 2008

quem espera, em cascais.

Iam duas mãos (dadas) a passear pela rua.
Traziam os corpos de rojo, como corrente eléctrica.
Os rostos, inexpressivos, eram quase estáticos no movimento, mas as pálpebras caíam e voltavam a abrir, mecanicamente. Os corpos eram iguais, pelas ruas. Um escuro, outro mais claro. Os dedos pareciam vincar a pele, numa espécie de fusão, ou de perda de identidade, não sei. O passo ia lento, mole, arrastado...e ao mesmo tempo certo, sincronizado.
Pararam na estação.
As mãos continuaram dadas, e continuavam a ser só mãos, mas desta vez sobre a pedra do banco cinzento.
Continuou o silêncio.
Continuaram a cair sobre si mesmos, as mãos que passeavam na rua, mais as pálpebras e a rotina que se manifestava no vácuo. Duas pessoas que não libertavam calor, só electricidade, "de estufa".
Chegou o comboio.
Chegaram as pessoas.
Chegou um olhar que quebrou a corrente. As mãos largaram-se, por instantes, e do vazio ouviram-se os olhos, as mãos, o corpo e a boca a gritar ao mesmo tempo: "Vai-te foder!".

the end.

6 comments:

Anonymous said...

Quem espera em cascais?
Nunca foi isso que observei por lá. lol. Deves mas é tar a inchar os 50 euros que gastaste! ahah! Qué pra nao seres parva!!

Satya said...

Há muitas realidades em cada canto.. e muitos momentos também.
Nessa altura nao os tinha largado ainda, ptt, nao será por ai! lol

Anonymous said...

Quero-te bem. Isso não me traz bons indicios.
Temos tendencia a reparar naquilo que nos vem também de dentro. Numa tentativa muito Freudiana, a quem é que querias dizer: "Vai-te foder"?
Rita

Satya said...

lol. Freud nao acertava sempre! ;)

Anonymous said...

Andas é cheia de tiques da rebelo pinto!! Joana, joana, isso nem parece teu!

King Of Spades said...

Discordo totalmente... Não me parece nada Rebelo Pinto. E muitas vezes um "vai-te foder" simples e cru, para além de necessário, diz muito mais do que conversas longas e politicamente correctas que não transparecem o que realmente nos vai na mente.