Monday, February 21, 2011

E num dia normal, a ideia de uma ideia transcendeu o calendário.

É incrível a forma de como os pormenores continuam a surpreender-me tanto, de tamanha força que podem comportar.

A determinação de ser aquilo que somos e a coragem de desejar aquilo que verdadeiramente desejamos, quase sem esforço e bebida numas horas, nuns instantes segundos de tempo, é capaz de me transportar a sensações que só posso definir como apaixonantes, arrebatadoras e, ao mesmo tempo, tão apaziguadoras. Indescritíveis, até.

O sentimento de esperança é sem dúvida alguma revitalizante, à falta de melhor palavra, metafísico. Esperança no quê? Em pequenos nadas, quase sempre, que sabem ser tudo, por vezes.

Num fim-de-semana que se revelou extenuante profissionalmente, encontrei o encaixe quase perfeito de um dos melhores dos últimos meses.

Não sei bem de que ponto a que ponto se encontrou o momento de maior júbilo interior, se na procura, se no encontro ou se em ambos. Sei hoje, mais do que ontem, que a minha vida longe da intervenção, seja em que contexto for, em que momento da vida estiver, não fará provavelmente sentido. Sei hoje, mais do que ontem, que a vida tem surpresas fantásticas nos locais mais inesperados e, sobretudo, nas pessoas menos calculadas.

Teóricos, de variadas correntes e áreas, sussurraram-me e elevaram-me em dias e noites que já passaram, ideias de transcendência e de compreensão de qualquer conceito de algo ou de alguém (geralmente do EU), quando gota a gota decifrava os seus pensamentos e ideias, com maior ou menor dificuldade, com maior ou menor interesse. Ainda assim, nada substitui a sensação no corpo, na mente, quando no espaço concreto em que existimos a realidade da luta, seja ela qual for, se materializa numa metamorfose entre a utopia e acção. A vontade de dar “um passo em frente”, sem medo do abismo, é inabalável, quase confrangedora. E eu, que acredito em quase tudo e não acredito em nada, ao mesmo tempo, encontrei nesta antítese e até, estupidamente, num nome bíblico, a certeza de que a nossa existência enquanto seres plurais não nos confina apenas ao fracasso de uma realidade que tantas vezes nos demole e nos demove. Na história de ser Humano, haverão sempre momentos trágicos, alguns deles vividos por nós com o dramatismo próprio dos romances literários e das telas de cinema, ou não existíssemos nós constantemente no teatro assíduo da interacção com o outro e da gestão de expectativas. Contudo, ao mesmo tempo, também nos cercamos de instantes de euforia e compreensão da “razão de”, do “porquê de” e da catarse até daquilo que somos, numa espécie de osmose orgásmica (não podia deixar de capturar esta ideia que hoje me fez sorrir tanto tempo).

E também através de um@ estranh@, como se numa tolice de adolescente, reforcei a sensação de acreditar... e fazer para que sempre assim seja, agindo no sentido da concretização.

A ternura que sinto hoje, mais do que ontem, novamente, por aqueles que amo e a certeza de que sendo poucos (e sobretudo por isso), eles existem, é revitalizadora.

Hoje, por mais singela que seja esta verdade, gosto da sensação de existência dos pés à cabeça do meu corpo e estou grata por quem, além de mim própria, me faça confiar nisso. Quer sejam essas pessoas a que me referi à pouco, quer seja pela presença de estranhas e estranhos que fazem questão de bater o pé e levantar uma bandeira para que nunca me esqueça disso.