Monday, February 25, 2008

. . Psicossomática : :


De varias cores se fazem as emoções. Verde e roxo, preto e branco, azul, vermelho. Nasce na alegria, passa pela crise e culmina em algum lugar que se perde na psicossomática dos corpos. Neste sentido, por baixo de um véu que se vai mostrando ténue, transparece a intimidade de um beijo, do trilho que se faz dos pés à cintura e de todos aqueles que se manifestam acima dela. O ritmo é constante e já nem por isso elementar.
A música vai calando o som, que vibra por dentro e, os cheiros, vão desorganizando a compostura, ela própria já desalinhada pelo toque. Nesse entretanto, já nem há nada a dizer para constatar significados, talvez não seja sequer necessário ou relevante… mesmo que as palavras comecem a não estar tão pesadas, assim como os pensamentos, assim como os sentimentos.
Talvez bom (ou bom demais), talvez cansaço, talvez vontade. Não necessariamente nesta ordem, num desatino que se estende, já comprido, nem só de não verdades se fazem dificuldades e até há quem diga que é precisamente na realidade que se comporta o perigo…com certeza o medo. Nesse entretanto, fazem-se silêncios com barro e pincel, trocam-se mãos por baixo da mesa e de outras histórias, que se vão esquecendo (ou perdendo) nos momentos.
Como consequência, as crenças vão deixando de ser certas, assim como os propósitos, assim como os dias que se vão depositando, uns em cima dos outros, em euforia, trazendo-lhes outro brio, outro brilho.
Não me interessam mentiras, ou verdades. Não me importam “os outros”.
Preservação do tempo, com medo do tempo, não faz sentido.
Hoje, é o que me importa.

Tuesday, February 12, 2008

"Josef: I thought ummmm, you and I, maybe we could go away somewhere. Together! One of these days... Today. Right now. Come with me!

Hanna: No, I don't think that's going to be possible.

Josef: Why not?

Hanna: Ummm, because I think that if we go away to someplace together, I'm afraid that, ah, one day, maybe not today, maybe, maybe not tomorrow either, but one day suddenly, I may begin to cry and cry so very much that nothing or nobody can stop me and the tears will fill the room and I won't be able to breath and I will pull you down with me and we'll both drown.

Josef: I'll learn how to swim, Hanna. I swear, I'll learn how to swim. "


in "The Secret Life From Words"

Porque há sem dúvida uma vida secreta, em cada palavra e em cada frase.
E faz sentido, mesmo sem ter nenhum.

Wednesday, February 6, 2008

As melhores sensações de todas, as vezes, transportam-nos os momentos de todos os dias, num só dia.
As ruas e as pessoas, a obra e os seus autores, os encontros e os caminhos de outrora misturados com os de hoje. Os silêncios. Os ruídos. Ambos em simultâneo. A lembrança dos sons e das palavras. O tempo. Os projectos, as ideias, as trocas, os afectos em concomitância com as novas formas de olhar para nós e para o mundo. A vida, de todos os dias, comprimida num instante. Os lugares, as manifestações das palavras, a expressividade dos rostos, os conhecidos e todos aqueles por conhecer. Os cheiros e as paisagens, os circuitos sugando tudo o que nos vai por dentro. O desatino e a euforia dos sonhos – os que se lembram e os que se revoltam em trabalho de parto. O tudo do nada e o nada do tudo. Um bum. Um sorriso. E um até amanhã.
Vivendo-se, coexiste em paralelo um amarelado que cai sobre Lisboa, só para acordar as luzes da cidade à noite, descendo pela mezzanine que se faz de miradouro. Tantos detalhes. Tantas vivências. Tantos povos num só povo, o do mundo.
Por vezes, quando lado a lado, mais do que se encontra, procura-se. E é o bastante.
Vive-se bem, quando se vive realmente. Cada morte fosse por viver demais (e não de menos).

02.02.08