Tuesday, October 19, 2010

As vezes, se não tivermos cuidado, tornamo-nos rancorosos. Sem darmos pelo tempo passar e pelas circunstâncias fazendo dele tudo o que entendem, passamos a trazer uma tamanha cruz ás costas, como fardo ao qual nos agarramos para nunca sermos mais que isso mesmo, um fardo de nós próprios.
Se não formos atentos, podemos mesmo tornar-nos pessoas zangadas, distraídas das insignificâncias significativas na vida, incapazes de visitar os tais parapeitos que inventamos sobre quem somos e o que queremos da vida. É extraordinária a forma de como a mágoa, por vezes vinda de sobressaltos que nada mais são do que isso, pode ser tão destrutiva, avassaladora, irascível, castradora... vazia! E do cansaço estreitinho, estreitinho, que cabe quase em coisa nenhuma, sobre o qual já me debrucei várias vezes, restam apenas os silêncios que não sabemos suportar, as melodias que não conseguimos ouvir e as palavras que a muito custo tentamos calar.

Outras vezes, no entanto, se estivermos atentos, encontramos as situações mais extraordinárias, os instantes mais felizes e as pessoas mais agradáveis nos sítios mais recônditos e inimagináveis. E do peso da melancolia, carrasco de frustrações, nesses momentos, restam apenas sopros que já não nos pertencem.

É por isso que a espontaneidade da vida, naqueles dias em que estou mais desatenta, me vai lembrando de olhar melhor em de-redor e da ideia da respiração abdominal das aulas de teatro amador aos 15 anos, fazendo-me descobrir outros parapeitos, mesmo que desequilibrados, sobre os segundos que vão de um pé ao outro, num passo, numa palavra ou simplesmente num gesto.




Infelizmente, a tristeza é a melhor conselheira da minha caneta, razão pela qual não me importo de não conseguir desenvolver as ideias de forma mais simbólica e menos retórica ou concreta nos dias que correm. Basto-me nas epifanias bloggueiras e nos dias que bem ou mal passados, não me pesam. É bom sinal! ;)

Tuesday, August 31, 2010

No seguimento do que tenho feito para manter um pensamento positivo e equilibrado, preciso de dizer algumas coisas, por aqui, a ninguém e a toda a gente.

As vezes, odeio este trabalho. As vezes odeio mesmo.

Hoje a minha mãe faz anos. 53.
Não houve possibilidade nenhuma de trocar o stand by. Portanto, cá estou eu de Stand by, de serviço. Claro que, já são 19:30 e eu ainda cá estou; claro que uma residente quer ir embora e eu não posso fazer nada, porque não posso permitir que saia sem falar com o meu supervisor; claro que ele já saiu e não atende o tlm; claro que estou a olhar para a parede há 1hr30m; claro que, se realmente ela tiver de sair, terá de ir fazer malas, fazer declarações, ir ao sotão buscar objectos pessoais, fazer (mais um) telefonema à familia, etc. CLARO QUE, na melhor das melhores hipoteses, saio daqui as 21h.

O que vale é que nestas merdas, amigos, amigos, negócios à parte!

Portanto, CLARO QUE, no resto da semana em que não estarei de stand by, farei o mesmo e sairei as 17:30 EM PONTO, NEM QUE SE ESTEJAM TODOS A ENFORCAR!

Obrigada e boa tarde.

Wednesday, August 25, 2010

Um dia, no "dia das famílias"

"LdM, Bom dia!"

"Ola Joana, como está? Daqui é a ..."

"F., eu sei. Mãe do F.P. Certo?"

"Sim, então e que me conta do meu rapaz"

"Pois então o seu rapaz está mais ou menos igual à semana passada, com a diferença que está com mais responsabilidades. Passou de fase, subiu na hierarquia dos residentes e agora começa ele próprio a dar mais aos outros, ajudar os mais novos e isso estabilizou-o e motivou-o. Tudo corre dentro da normalidade, o que é óptimo no caso dele, como sabe".

"Oh se sei. Muito obrigada Joana. É verdade, provou os torrõezinhos que levei a semana passada?"

"Para minha desgraça F. provei sim. Estavam muito bons, mas sabe que estou em dieta"

"Ora, uns torrõezinhos de vez em quando até fazem bem à pele!"

"Certo..."

"Eu sei que não é verdade, mas uma rapariga tão nova não se pode privar destes pequenos prazeres."

(risos)

"As vezes tem..."

"Isso são modernices! Bom Joana, foi um gosto falar consigo. Um bom fim de semana e olhe, daqui a duas semanas há mais torrõezinhos que a Dra Sónia já marcou outra sessão. E agora ando a experimentar coisas novas!"

"Faz muito bem F., um bom fim de semana para si e que venham então as calorias. Bom dia!"




E isto tudo se passa quando 2 residentes estão a querer ir embora, os 2 residentes mais velhos não estão em casa, outro tem de entrar de reparação, o Nuno e o António estão em sessões e a D. Cândida, a administrativa, não pára de me chatear que precisa de dinheiro para a farmácia e que lhe doem os rins. Ah! E ainda tenho de fazer o espaço terapêutico da manhã e atender os restantes telefonemas das famílias.

De facto, nestes momentos falar de torrõezinhos e ser simpática, tem muito que se lhe diga. Não?

Monday, August 9, 2010



Dos portões ressaltando as cores da liberdade em barris tingidos, até à troca de ideias vestidas palavras, derramou-se tempo, onde ele não existia. Como se por entre o que respiramos dentro e vivemos fora não houvessem barreiras, construímos uma utopia desconstruindo preconceitos. Se pudesse dizer-se, ali, de um momento a vida inteira, poderia então uma mão cheia conter o mundo todo. Porque se é no lugar onde a existência de ser quem somos nos transforma, no casulo de vegetação em de-redor, a metamorfose começou dando seus frutos. Debates, teatro, musica, jogos, festa, sorrisos, cinema, procura, partilha e uma gigantesca concomitância de sensações foi o que encontrei no Liberdade que, fazendo jus ao nome, descubro sempre que lá vou.

E no seguimento dessa libertação de ideias e ideais, a explosão dos sentidos alastrou-se no corpo através da música, do ambiente familiar com cheiro a mundo, dos reencontros e da prática dos momentos entre pessoas que se gostam e se descobrem.

Em suma, é inenarrável a forma de como uma semana se comprimiu numa intensidade tal, que valeu por um verão inteiro. E o melhor, o melhor é que as sensações, essas, continuam.

Friday, July 9, 2010

"Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.”

José Luís Peixoto


E finalmente, começa a transformar-se em tempo.

De uma neblina roçando o dramático e mesmo que ainda (ou enfim) diante uma caminhada que se avizinha longa e complicada, vão surgindo alguns momentos de tranquilidade e paz.

O cansaço, o estreitamento da paciência e até alguma amargura vai-se dissolvendo em pequenas colheradas de doce de framboesa que comecei recentemente a gostar.

Vivo rodeada de tantos detalhes, de circunstâncias que me enriquecem e aos quais não tenho dado importância. Inundo-me tanto de mim própria e dos meus sôfregos sofreres que raramente me dedico verdadeiramente algum tempo, tempo de qualidade. No entanto, nos parêntesis que a rotina diária me tem proporcionado, criou-se felizmente um espaço de um certo contentamento espontâneo, de contenção pessoal, de enriquecimento e descoberta de quem sou e me vou tornando diariamente. Os núcleos que me preenchem tornam-se mais reduzidos, menos expansivos, mas em contrapartida vivo-os com muito mais intensidade. E que seja o que for, como disse uma vez à S., seja lá o que for, o que foi já é, e já é o bastante (ainda que me mantenha uma eterna inconformada - e ainda bem!).

Alegro-me. E dessa alegria, até as soluções que pareciam tão inexistentes vão brotando agora dos silêncios que vou procurando, sozinha.

Vamos então a isso, a estrada foi feita para andar!

Saturday, June 26, 2010

Soulreel
(ex Bossa Nossa)




Grande concerto, porque é interessante ver o progresso, é entusiasmante entrar no vosso ritmo e porque foi, sem dúvida, um excelente estimulo criativo e do imaginário. Metam essas Bobines da Alma a funcionar, estarei à espera dos passos levemente mais altos. Urgem!

Berimbau (de Baden Powell) by SoulReel

(Myspace dos Soulreel: http://www.myspace.com/soulreelsound)

Tuesday, June 1, 2010

A vida é feita de tantos parapeitos.

Senão vejamos a forma de como nos debruçamos sobre ela, complacentes com o que nos traz de novo a cada instante. Da ala oposta da pequena sala onde nos vamos refugiando temos sempre uma visão diferente do que nos vai acontecendo, mesmo que por vezes de tão obtusa a visão nos traga contrariedades, preocupações, inconformações e muitos outros “ões” que nos carreguem ou transportem o tempo todo. Nem sempre bons, mas também nem sempre maus. De facto, a vida tem realmente muitos parapeitos, miradouros por onde debruçar o olhar e desenvencilhar teorias sobre o que é certo ou errado, o que é melhor ou pior, ou simplesmente onde nos podemos maravilhar e aproveitar a vista. Talvez nunca sejamos verdadeiramente conscientes da ambiguidade onde nos movimentamos quotidianamente e da forma de como, mudando o parapeito, podemos mudar também a eloquência com que sentimos as diferentes emoções que nos transportam os momentos. Talvez nem sempre consigamos absorver o “tutano” de tudo o que nos rodeia, nem encarrilar os diferentes significados dos percursos. Mas talvez, de um outro ângulo de visão, ou de outro, ou de outro, ou mesmo de outro, possamos sempre ir melhorando e retocando a pintura que no fim, nos trará o romantismo das coisas simples e o preenchimento do que de melhor formos encontrando nos nossos próprios miradouros.

Hoje, começo a descobrir um outro parapeito sobre o meu mundo e tenho até quem já me diga que muitos mais me esperam no caminho.

Wednesday, May 26, 2010

“Words do not express thoughts very well. They always become a little different immediately after they are expressed, a little distorted, a little foolish.”
Herman Hess

Therefore, and since that sentence describes quite well what I´ve been feeling lately, this blog may need a little rest.

Monday, May 10, 2010

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Está-me a querer parecer, que está a precisar de ser real!

Sunday, May 9, 2010

Benfica campeão!
Pois é, o Benfica foi campeão. Milhares de adeptos juntaram-se e continuam a juntar-se ao marques de pombal.
Gritam, choram de alegria, levantam os braços e reclamam a vitória como quem pede pão para a boca.
Algum arriscam ainda que não têm medo de uns e de outros e que estão dispostos a dar e levar nas trombas para poderem estar ali, a festejar, a ter provavelmente o momento que consideram de maior alegria no ano inteiro.
Gritam, lutam, levantam os braços e, talvez, levem mesmo nas trombas.
Milhares de benfiquistas cortaram o transito no marquês de pombal, levantaram uma euforia nacional como sempre extraordinária.
Na rua os carros buzinas, as pessoas gritam. Esta noite, quem sabe, muitos bebés serão gerados.

Bem...Porreiro pá! (já dizia o "amigo")

E agora pergunto, quantos é que vão estar presentes no dia 29 de Maio? Quantos é que vão gritar, lutar e arriscar-se a levar nas trombas, para ter direitos?
Quantos é que não se resignarão à imoralidade, ao atentado aos direitos de cada cidadão num estado social e democrático? Quantos se recusarão a não entrar na epopeia ditatorial sem fazer nada?
Quantos vão lutar, não por uma vitória per se, mas pela possibilidade de viver com dignidade? Quantos vão exigir que o cinto não aperte mais para os mesmos?
Quantos vão dizer: Já chega?
Quantos?
Quantos, em última instância, vão manifestar-se para que, no futuro, possam continuar a festejar as suas vitórias na rua?
Vamos ver.
Esperemos que esteja enganada e que as pessoas saibam distinguir entre correr atrás de uma bola, ou correr atrás da própria vida.



Mariana Aiveca.
Com quem também estarei no dia 29.

Sunday, May 2, 2010

No inicio deste ano, impus a mim mesma uma única coisa: Não terei medo de tomar decisões difíceis.
No entretanto, já pensei em fazer listas de pormenores que quero ver concretizados este ano, mas rapidamente desisti da ideia. Não, realmente só quero uma coisa, não ter medo de tomar decisões difíceis, mesmo que me doam muito, mesmo que quase me sinta perder, que quase me sinta cair irremediavelmente. Não terei medo de tomar decisões, mesmo que causem ruptura, se me fizerem ir de encontro a mim mesma.
Um amigo hoje dizia-me o quão bom seria poder falar, simplesmente falar sobre o que nos vem dentro, sem ter medo das consequências. Falar, falar, falar e depois logo se via "Ás vezes podíamos ser peixes...sem cérebro e sem super ego, que respondessem ao movimento do tubarão ou dos outros peixinhos!", dizia-me ele.

De facto, já dei por mim a ensaiar tanta raiva no superego. A pensar na forma de como o detesto, de como me faz engolir tantas sensações em prole do silêncio (E como o silêncio pode ser tão agressivo de vez em quando!). E ao mesmo tempo, vejo-me tantas vezes a procurá-lo, a desejá-lo no movimento do corpo na música, entornando copos meio-vazios. Vejo-me tantas vezes à procura do esquecimento, ainda que impossível.

Nós seres humanos, somos sem dúvida seres que roçam facilmente o ridículo, afinal, "ao fim de 1 dia ou uma hora...tudo podia mudar e ser diferente". Mas preferimos manter-nos tantas vezes assim, à deriva.
Por outro lado, outras vezes, temos gestos de ternura que fazem valer a pena todos esses silêncios, todos esses momentos em que nada é diferente. Agora mesmo, o meu pai ofereceu-me um livro ilustrado de um poema do Sérgio Godinho, e na primeira pagina escreveu simplesmente: "Para que nunca te esqueças da importância dos pormenores, vive atenta".

Já escrevia eu noutras alturas que era no A entre o amor e o adeus que vivia a nossa maior contenda.
Seja como for, quero viver atenta, não alienada de quem sou e do que desejo.
Por isso, hoje, amanhã, no futuro, não terei medo de tomar decisões difíceis.

Saturday, April 24, 2010

[Paradigma]

As vezes... as vezes fico mesmo sem saber o que dizer.
Podia ser tudo mais simples, na inexistência do pensamento. Mas tal como dizia Pessoa, felizes dos que se abstêm da máquina da racionalidade, sendo felizes na sua própria infelicidade. É talvez uma das maiores angústias, a certeza da incerteza do pensamento. Uma das maiores frustrações. Não me refiro ao pensar da razão kantiana, mas da projecção das nossas dúvidas teóricas em relação a questões práticas do quotidiano. Não saber agir sobre as infinitas possibilidades de um acto, de uma decisão que causa ruptura. A fragilidade inerente a sermos nós próprios é sempre de dificil digestão e por isso mesmo, vamos mastigando os pormenores da vida como se não fossem nada, como se neles não coubessem, tantas vezes, as verdadeiras motivações para estar vivo. E ai outra questão, da vivência à sobrevivência vão apenas dois segundos, mais vezes que o desejável, ou até mesmo sempre. E nessa ténue diferença não existe resitência suficiente para ser frágil e ser inteiro, para ter medo e até para não o ter.
Os paradigmas ganham força e propiciam o caos.
De facto, então, há mesmo alturas em que não sei bem o que dizer. Não porque não haja nada a conversar, ou a falar, mas talvez precisamente por haver tudo. E na multidão de pensamentos, palavras e sentires, não é fácil encontrar os unicos que devem ser encontrados, deixando perder todos os outros.
Não é fácil ser-se gente, entre gente. Não é facil ser-se sozinho. É dificil sermos nós próprios.

Monday, April 19, 2010

Sunday, March 7, 2010



Em Lisboa,

Que parecia explodir contornos, afrouxaram-se os limites e permitiu-se, mais uma vez, a liberdade de emoções que só nela sabem existir. De alguns momentos mais frios, trouxe-nos o quente dos abraços, dos afagos entre braços que são muito mais do que braços. Menina e moça que desagua em pormenores nos rostos encostados à brisa do miradouro, do chocolate que, de tão quente, devagarinho, vem desabotoando os arrepios trazidos por qualquer outra coisa que não o preenchimento. E é em tardes assim, pela calçada, nos elevadores, na redescoberta dos mesmos [sempre diferentes] lugares, sobre bombas de cores na cidade, que se constroem as memórias que saem do simbólico, para formar o abstracto que faz arte da racionalidade quotidiana de tantas vezes. É bom ter dias assim. Dias que são muito mais do que horas, dias que são quase pessoas que trazemos dentro e nos ampliam.





Obrigada pela partilha!...

Sunday, February 28, 2010

Nós, seres Humanos, temos mecanismos mentais tramados.
É incrivel percebê-los, de vez em quando, muito dificil assumi-los, quase sempre.

Curious, though.

Monday, February 15, 2010

Hoje, enquanto estava a fumar um cigarro no estágio, sozinha porque tive de ficar a tratar de umas merdas que não fiz no fim-de-semana, apercebi-me de algumas coisas importantes. Andamos constantemente às voltas, dos outros, do mundo, de nós próprios...à procura de qualquer coisa que torne os nossos dias mais completos (entretanto acabei por ler sobre isso aqui também), devorando perspectivas, resoluções, perguntas, ângulos de visão... eu própria muitas vezes me coloco nesse mecanismo, invariavelmente engatado, de trabalhar as minhas próprias sensações de uma perspectiva pouco construtiva. E nesse seguimento, são várias as vezes que dou por mim insatisfeita, revoltada e as vezes até, bastante triste.
Actualmente não é o caso!
Decidi no início de 2010 que não teria medo de tomar decisões difíceis, que não iria deixar de fazer aquilo que me fizesse sentir bem (ok, com algum bom senso) só porque era mais fácil. E fico contente por sentir que até agora, o balanço é positivo.
As vezes é mesmo preciso por para trás o passado e dar uma oportunidade ao presente e ao futuro. Peço desculpa pelas palavras, mas fodasse, está mais do que na hora de haver mais egocentrismo na minha perspectiva de percurso.
Durante esse cigarro então, seguido de uma ridicula conversa sobre samba com a Marta (lá do estágio), percebi que estou mesmo feliz. Eu sei que me queixo bastante, acredito ser meio hipocondríaca, emocionalmente pelo menos, mas a verdade é mesmo esta.
Sinto-me realizada, profissional, emocional e politicamente(há que realçar).
Não, não quer dizer que já não há nada a fazer, pelo contrário. Sinto apenas que estou no bom caminho, ou melhor, sinto que há mesmo um caminho!
Pode durar pouco tempo, pode durar muito... mas o que é certo é que agora, não queria estar de outra forma!

Com esta epifânia carnavalesca me despeço e no entretanto, fica uma foto do meu irmão, que anda a aproveitar o carnaval, já que eu não posso! (Ups! Lá está a hipocondria...)

Monday, February 1, 2010

Estou cansada.
Estou completamente falida.
Tenho uma multa de 120€ pra pagar.

Mas o mais importante é que, hoje, hoje estou feliz! =)

Tuesday, January 19, 2010

Hoje, quando à beira de um ataque de nervos, chego à conclusão absoluta de que, a politica na minha casa é a seguinte: Não se sabe o que é? Vai pro lixo! Não se gosta de algo de um outro membro da familia? Vai pro lixo! Se há sacos aparentemente vazios, não se confirma e vai tudo pro lixo! And so on...
Nesta brincadeira já vi roupa e assessórios meus a desaparecerem, bilhetes de concertos a irem para a reciclagem, comida comprada no dia anterior a ir para o caixote, por se pensar que estava lá há muito tempo, etc etc etc...

Neste ambiente, confesso que a sanidade não é possivel por muito mais tempo!

Sunday, January 10, 2010

Tinham-me dito que escrevesse.
Afinal... eu escrevo sempre. Sempre argumentei que me fazia sentir menos vazia, em antítese com o despejo de palavras. E que ironia essa a das palavras. Valem tanto e não significam merda nenhuma. Palavras, aquelas q destroem mundos, ainda assim, são só palavras. Em cada rebentamento, que vai erodindo o cansaço e o desconforto, subtilmente esconde também a vontade e o alento. Tenho conversado sobre nós – seres humanos – e da nossa condição enquanto seres de rotinas. Não forçosamente porque morreríamos sem uma, mas porque, afinal, morreríamos sem uma! Todos as temos, sejam elas de que tipo forem. Lidar com o nosso egoísmo, ou com a nossa necessidade de sermos quem somos, que se confunde pelo mesmo tantas vezes (e que talvez o seja mesmo), coloca-nos muitas vezes nas antípodas do senso comum social, ou da expectativa comum parcial. Ou seja lá o que for. Seja lá o que formos.
Alguns dizem-me, reconfortados na sua posição do “calo” da velhice, que isto é crescer, amadurecer... que é como quem diz, perder o animo, sentar, aceitar, e confortavelmente puxar a corda do destino para que seja o que tiver de ser. Quanto a isso, bom, já dizia o meu amigo Hess que o acaso só existe na medida em que somos nós que o criamos com as nossas acções. Portanto, ao não fazer nada, o acaso inevitavelmente conduzir-nos-á precisamente até ao mesmo redundante vazio.
Assim sendo, prefiro andar, beber cafés Nicola, e tornar cada dia, um dia!
Se pudesse pedir um desejo, como começo de ano, quereria um “momento molhado”, que nas palavras de uma amiga significa “Eureka!”. Ao não ser possível, limito-me a continuar a não puxar a corda... e de resto, que se foda!