Sunday, May 2, 2010

No inicio deste ano, impus a mim mesma uma única coisa: Não terei medo de tomar decisões difíceis.
No entretanto, já pensei em fazer listas de pormenores que quero ver concretizados este ano, mas rapidamente desisti da ideia. Não, realmente só quero uma coisa, não ter medo de tomar decisões difíceis, mesmo que me doam muito, mesmo que quase me sinta perder, que quase me sinta cair irremediavelmente. Não terei medo de tomar decisões, mesmo que causem ruptura, se me fizerem ir de encontro a mim mesma.
Um amigo hoje dizia-me o quão bom seria poder falar, simplesmente falar sobre o que nos vem dentro, sem ter medo das consequências. Falar, falar, falar e depois logo se via "Ás vezes podíamos ser peixes...sem cérebro e sem super ego, que respondessem ao movimento do tubarão ou dos outros peixinhos!", dizia-me ele.

De facto, já dei por mim a ensaiar tanta raiva no superego. A pensar na forma de como o detesto, de como me faz engolir tantas sensações em prole do silêncio (E como o silêncio pode ser tão agressivo de vez em quando!). E ao mesmo tempo, vejo-me tantas vezes a procurá-lo, a desejá-lo no movimento do corpo na música, entornando copos meio-vazios. Vejo-me tantas vezes à procura do esquecimento, ainda que impossível.

Nós seres humanos, somos sem dúvida seres que roçam facilmente o ridículo, afinal, "ao fim de 1 dia ou uma hora...tudo podia mudar e ser diferente". Mas preferimos manter-nos tantas vezes assim, à deriva.
Por outro lado, outras vezes, temos gestos de ternura que fazem valer a pena todos esses silêncios, todos esses momentos em que nada é diferente. Agora mesmo, o meu pai ofereceu-me um livro ilustrado de um poema do Sérgio Godinho, e na primeira pagina escreveu simplesmente: "Para que nunca te esqueças da importância dos pormenores, vive atenta".

Já escrevia eu noutras alturas que era no A entre o amor e o adeus que vivia a nossa maior contenda.
Seja como for, quero viver atenta, não alienada de quem sou e do que desejo.
Por isso, hoje, amanhã, no futuro, não terei medo de tomar decisões difíceis.

4 comments:

Anonymous said...

O problema é quando não é só o medo.
Quando para além de tudo não há coragem, não há força, e falta o ritmo para tentar. O ritmo, o grande impulsionador de uma conversa!

Anonymous said...

Concordo com o comentário acima.
O medo é muitas vezes impulsionador de muitas coisas boas, nem sempre tem de ser travão,tu própria já me disses-te isso. O problema é efectivamente a falta de ritmo, a falta da rotina que consiste em ser tão feliz quanto possível. Ser feliz as vezes dá tanto trabalho. Ser feliz, em última instância, faz-nos ser infelizes por algum tempo. Não é fácil, não é simples, mas o que é certo é que seria o ideal. Não gosto muito da concepção do rídiculo, mas creio saber do que falas. Espero que essa tua vontade se consolide e que nela encontres apaziguamentos.
Eu estou sempre aqui para quando não souberes conter as lágrimas ou o traço histérico, como costumas dizer.
Um beijinho muito grande
E cá estaremos, na tua viagem.
Ana

Anonymous said...

*Enganei-me, queria dizer "As vezes, ser feliz e em última instância, faz-nos ser infelizes por algum tempo."

Anonymous said...

Descentra-te de ti e vive mais os outros.
Ridiculariza os teus dramas e dá nome aos tus medos.
Vive mais e pensa menos.


deixei de estar, deixaste cair uma pedra.

M.