Friday, May 25, 2007

Portanto...

A música confunde-se com as cores e nas cores se reúnem os afectos, as vontades e até, as acções. Nela, ao seu ritmo, trocam-se momentos, afinidades, jogam-se olhares, mistura-se o corpo e solta-se o espírito “como se não houvesse amanhã”. Mas a verdade, a existir, é que na melodia [e contigo], é como se não interessasse o amanhã, mesmo que exista, mesmo que até saiba ou consiga ser melhor.
Fica-se assim, em plenitude, onde instantes se constroem de instantes - trazes - e pensamentos materializam saudades - levas-me.
Torno-me óbvia e transparente, transpiro o que se passa por detrás dos olhos, que reflectem, e já não há máscara que disfarce o que não dá para disfarçar, já não há quem não veja o que só se consegue ver e já não há razão que racionalize a emoção.
Agora, mesmo perdida na complexidade do sentimento escrito, ecoa sempre esta vontade, simples, que o sustém. Esta vontade por onde, em cada palavra que sai pelo teclado, ou por cada uma que fica presa num momento calado, surges tu perante o imenso branco das folhas, para as encher e torna-las também tuas.
Mesmo que enrole ou que tropece, a gramática não me deixa fugir das frases que terminam incessantemente em gosto de ti… e gosto de ti porque as frases continuam a não saber dizer outra coisa.
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...a modos que [já não] depende do ponto de vista!

Wednesday, May 9, 2007

Infinito

A vida é feita de acrescentos!
Do ponto final fazem-se as reticências, das palavras fazem-se frases, dos segundos fazem-se os anos, de gotas fazem-se os mares, dos gestos fazem-se os actos, de silêncios faz-se o eco, de pensamentos fazem-se ideias, do espaço faz-se o lugar, de bocas fazem-se os beijos, de braços fazem-se abraços, de paixões fazem-se amores, de pequenos fazem maiores, de nós faz-se o mundo.
Se de nada se faz tudo e se tudo é cheio de nada, acabemos com a hipérbole, o âmago está no pormenor.
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A vida é feita de acrescentos ou a vida vive em acréscimo?