Sunday, January 10, 2010

Tinham-me dito que escrevesse.
Afinal... eu escrevo sempre. Sempre argumentei que me fazia sentir menos vazia, em antítese com o despejo de palavras. E que ironia essa a das palavras. Valem tanto e não significam merda nenhuma. Palavras, aquelas q destroem mundos, ainda assim, são só palavras. Em cada rebentamento, que vai erodindo o cansaço e o desconforto, subtilmente esconde também a vontade e o alento. Tenho conversado sobre nós – seres humanos – e da nossa condição enquanto seres de rotinas. Não forçosamente porque morreríamos sem uma, mas porque, afinal, morreríamos sem uma! Todos as temos, sejam elas de que tipo forem. Lidar com o nosso egoísmo, ou com a nossa necessidade de sermos quem somos, que se confunde pelo mesmo tantas vezes (e que talvez o seja mesmo), coloca-nos muitas vezes nas antípodas do senso comum social, ou da expectativa comum parcial. Ou seja lá o que for. Seja lá o que formos.
Alguns dizem-me, reconfortados na sua posição do “calo” da velhice, que isto é crescer, amadurecer... que é como quem diz, perder o animo, sentar, aceitar, e confortavelmente puxar a corda do destino para que seja o que tiver de ser. Quanto a isso, bom, já dizia o meu amigo Hess que o acaso só existe na medida em que somos nós que o criamos com as nossas acções. Portanto, ao não fazer nada, o acaso inevitavelmente conduzir-nos-á precisamente até ao mesmo redundante vazio.
Assim sendo, prefiro andar, beber cafés Nicola, e tornar cada dia, um dia!
Se pudesse pedir um desejo, como começo de ano, quereria um “momento molhado”, que nas palavras de uma amiga significa “Eureka!”. Ao não ser possível, limito-me a continuar a não puxar a corda... e de resto, que se foda!

4 comments:

Anonymous said...

let's see the world. (connosco às costas), what else?
Piri

Anonymous said...

Mas é muito mais fácil "puxar a corda". Na maioria das vezes porque é a única coisa que conseguimos fazer no momento. Somos o que somos moça!

maybe said...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^

Anonymous said...

Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas,
ao contrário de outras que se desfazem nos dedos.
Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos
escolhê-las, metê-las dentro do poema como
se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas
ficam no ar, invisiveis, como se não precisassem
dos sons com que as dizemos.

Agora, o efeito das palavras. A sua rotação
na cabeça, e pelas artérias, até ao centro:
o coração. Outra palavra com que se diz: o
amor. Mas não falo de sinónimos; de resto,
há palavras que escondem o contrário do que
querem dizer, e só as conhece quem ama, se
a vida não o levou por caminhos confusos.

Amo-te. Também podia dizer: a solidão
com que te amo, ou o medo de te amar. A partir
de uma palavra tudo se pode fazer, numa página,
quando o que aí está é um poema. No entanto,
essas palavras conduzem-me a ti, isto é,
fazem-te viver por dentro delas. Épor isso
que tudo se confundo: o amor, a solidão, o medo,

e até a vida, que também é uma palavra.

nuno júdice.