Sunday, January 13, 2008

. .. monocrotico

sensações misturadas pelo entardecer nos corpos, deitados. invasão. não há distância que os aproxime, nem proximidade que os retenha juntos. não há festas, nem sequer há balões. não há silêncios nem conversa, há ruídos de cerimónia, sem entoação ou balanço. não há movimento além do monocórdico encontro das palmas brancas das mãos, uma na outra. não há vazio nem há espaço. há uma vertigem de encontro, um desatino de dor e euforia no olhar. um abismo e a plenitude. há desilusão e há rancor. há amantes que não se amam e quem se ame sem sequer se amar. há o tempo de morte e o tempo de vida. há um nós pelo meio e uma solidão em cada ponta. há um versículo de historias por contar e viver. há a movida da rua e o vento nos cantos da casa e no exercício do lençol. há uma relativa vontade, uma premissa de orgulho num consequente desiquilibrado e insatisfeito. razão. há a emotividade que se escasseia na intensidade do toque, nos cabelos. há um adormecer que não dorme e um acordar que não desperta. há a rotina. há o calar. há um adeus que se cumprimenta. não há perguntas. não há respostas. há uma premissa de ser humano no umbigo e no fechar do horizonte. há um queimar que já nem queima. um gelo, que já não gela. há um instante e depois, já não há nada. ainda há tudo.

4 comments:

Anonymous said...

e há leituras que nos abrem horizontes, que inibem nos primeiros segundos e que depois provocam alguma coisa que se poderia chamar vómito de palavras. sensações que se conseguem agarrar por uma ponta e bem ou mal estica-las em alguma superficie, bem ou mal explica-las em alguma superficie.
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"sensações misturadas pelo entardecer nos corpos, deitados."

lembraste-me do calor que aquilo que há e que não há faz percorrer da ponta da alegria á ponta da dor, num entardecer em corpos, deitados.
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há sedes de escrita. ha interpretações que fazem manter a sede. mas há interpretações que têm de ser feitas e que até dão piada, ou não.

mas há a interpretação que interessa, a tua! beijo*
s.

Anonymous said...

gostei muito deste texto, pequena.
porque há motivações para as quais não há explicação, assim como há rotinas até para instantes únicos.
"a vida é um inconstante paragrafo"
preciso de um cházinho quente e uma conversa das boas, que tinhamos pela tarde fora.
Vamos marcar. sim sim sim sim? :) Tenho saudades!
beijinho

Anonymous said...

Há dias cinzentos em que os passáros nao se levantam pra cantar, e também não os há, quando o ritmo perde o compasso de espera e a clave-de-sol fica pra ontem.
Sao palmos de testa que os fazem morar, os vizinhos, no último andar...e sem pressas apressadas e trejeitos engeitados, temos os nossos lençóis, nenufares de conforto com sabor a mentol.*

Monocromia,
A tua atíntese, ou a tua máscara?



Custódio

Anonymous said...

Essa dicotomia na tua vida é visivel aos que olham.
Cenario: Joana Revoltada - Sofás do ISPA - Papeis, pastas, canetas, etc - Tudo espalhado - "Ola Joanita!" "Ola Filipa! Desculpa lá, mas o ispa é uma merda! fds! Tenho de me ir embora!"
Gostei muito de conversar contigo esta tarde. LOL!