Sunday, October 21, 2007

- tropeçando no Acaso

O acaso, as vezes, troca-nos as voltas.
A rotina quebra-se pelas ruas e ruelas do corpo e da mente, desfaz [pre]conceitos, inibe racionalidades, e vai de encontro ao mundo, quase tão rapidamente como o espaço que existe entre um abrir e fechar de olhos - na mesma [in]segurança das primeiras trocas.
Nesse instante, em que perdemos o fôlego, algo se estranha e entra pelos poros da pele, pelos olhos, pela boca e, sobretudo, pelas ideias – novas.
O acaso transforma(nos), remodela(nos).
Nas estradas os carros não mudam de direcção, mas também não a perdem – actualizam-na; nos passeios os passos são os mesmos, mas mais rápidos e mais seguros; na noite, sopra-se a liberdade pela orla dos telhados e das janelas mais altas até ao encostar das paredes, pelas ruas envoltas no burburinho das conversas cruzadas – que se propagam à volta dos pés e das mãos que falam, que tocam e agarram – mas não prendem; e os actos, esses, mesmo que falhados, acertam em cheio e desfazem resultados que não fazem sentido no marcador – até porque já não interessa um marcador.
Mutamo-nos.Somos inconstantes, agitamo-nos num tumulto de emoções em cada dia que passa, de forma diferente, vivemos ajustando-nos a realidades [a nossa e a dos outros], construímos e destruímos ideiais, vontades e formas de lidar com o que nos perturba [ou o que nos incita] e, no entanto, o acaso, ainda nos surpreende [vive surgindo pelas brechas do tempo, trocando-nos, misturando-nos, sem dar-mos por isso].
Afinal, as contingências da vida, os acasos, na maior parte das vezes, somos nós e os nossos olhos que se ampliam e ousam pousar noutras paisagens e noutros momentos.


“Naquele período, encontrei um estranho refugio, por um «acaso», como é costume dizer-se; contudo, tais acasos não existem. Quando alguém que, impreterivelmente, necessita de algo, encontra aquilo de que carecia, não o obtém por ser o acaso a conceder-lho, mas porque ele próprio, o seu desejo e carências para ali o dirigem.”

Herman Hesse
---
ps: S. não me esqueci do desafio, só ainda nao tive ginastica mental p'ra ele.

2 comments:

Kai Mia Mera said...

:P

Anonymous said...

Sabes o que te digo? "You have to crash"! Esticar de um lado, apertar o outro (as vezes as arestas não podem ser soldadas).
Tu sabes...
kissy kissy my friend