Gosto de passear-me pelas linhas já escritas, lembrar-me do que elas guardavam por detrás das palavras, lembrar-me dos momentos e pensamentos que reflectiam, do que tinham de mim, do que ainda têm, do que mudou e do que não mudou nada...
Ao lê-las, ao conseguir entrar, sobretudo, naquilo que elas não dizem e no que se esconde nas entrelinhas, rasgo um bocadinho do véu e um ligeiro entorpecimento das ideias enclausura-se nos dedos, mudos por instantes, quando tudo o que se pode dizer já foi dito e nada do que se disse diz tudo.
Pensamentos remexem-se por dentro, fazem formigueiro e soltam-se pela boca e pelas linhas do telefone, sem fios.
Sobram sentimentos que enchem, amigos, alegrias e até algumas tristezas.
Sobra uma nostalgia que aquece.
Sobra o tempo que passou mas, particularmente, o que ainda está para vir.
Sobro eu.
“For this is the beginning of forever and ever”
Portishead