Monday, March 28, 2011

A estática do silêncio, entre mãos que se tocam mas não se pertencem, encontra em si própria a frustração do não-lugar, do encanto desencantado, do diluído suspiro entre quem, de tão perto, só partilha o oxigénio. Um desencontro abafado pelos sorrisos semi-frios servidos pelos dias, tornados semanas, é fintado num quase que se perde no desalento. E se em cada palavra que for dita, tantas outras ficarem por dizer, sobra só o tempo que vai servindo de fotossíntese para as sensações que não se vivem. Passos aguardam nas ruas libertas de movida e nas ideias escassas de imaginação e brilho, como se viver pudesse ser apenas isso, uma sobrevivência camuflada de momentos que parecem compensar tudo e não bastam nada.

A estática das compensações, que arrepia a pele e os pensamentos, empurrados para longe. A mesma que, quando sozinhos, se evita para não perder o pé e continuar a acreditar que as mentiras que juramos ser verdade, podem realmente passar a sê-lo se fizermos muita força para que assim seja.

Tudo o que for preciso, para acreditar que, por mais um dia, ou só mais uma hora, andar para a frente justifica andar para trás.

Tudo, para que o silêncio baste, a quem, por fim, já não tenha nada para dizer.

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