Tuesday, August 28, 2012








E heis que chega a altura de concretizar uma ideia, de fazer, de começar, de ir.
Vou. Vou tão sem medo pela imensa agonia de todo o medo que tenho. Vou sabendo que do que respiro agora não sobra nada com força para construir o que quero, preciso de ser depois. Vou porque não há outro modo de ficar ou pertencer. Vou embora comigo e sem mim, para onde o clarão ainda se avista para lá de tudo o que entretanto se colocou no caminho. Vou, dilatando o cansaço num copo cheio de tanto que já não cabia em mãos cheias de coisa nenhuma. Vou porque o corpo, conservador, dava já sinais de desistência. Vou de mãos dadas e no conforto do aperto securizante quando as pernas ameaçam fraquejar. Vou porque me doem os pés do caminho e do caminho se faz a vida inteira, onde descubro constantemente o intento. Vou porque quero caminhar. Vou de peito aberto e na coexistência da raiva e do amor. Vou porque o ódio paralisa e só a esperança revoluciona. Vou pela contenda, pela luta. Vou porque só indo posso fazer o combate. Vou porque, lado a lado, sei que tenho comigo o arrepio de coragem que faltava. Vou porque, entre a razão e a emoção encontrou copa o seu melhor equilíbrio. Vou. Vou porque não posso ficar. Vou antes que o tempo faça de mim tempo. Vou.

1 comment:

Anonymous said...

Vais,
Irás de uma assentada,
Quase depravada com o desconhecido.
Vais,
E não mal acompanhada.
Vai. E não olhes para trás. Não há nada para trás que a memória não te possa contar.
*
Vou ter saudades